I SÉRIE — NÚMERO 93
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Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr. Deputado Mendes Bota, inscreveram-se, para pedir
esclarecimentos, os Srs. Deputados António Braga, do PS, Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, Hélder
Amaral, do CDS-PP, e Paulo Sá, do PCP.
Considerando que a Mesa foi especialmente tolerante relativamente ao tempo que o Sr. Deputado utilizou
na sua declaração política, irá ser, em contrapartida, muitíssimo rigorosa no tempo que o Sr. Deputado terá
para responder.
Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado António Braga.
O Sr. António Braga (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Mendes Bota, em primeiro lugar, deixe-me
dizer-lhe que as boas notícias quando são boas notícias para Portugal são boas para todos nós, obviamente,
e, já o dissemos e sublinhámos, a descida da taxa de juros que se verificou hoje na colocação de dívida é uma
boa notícia.
Porém, o Sr. Deputado vai também ter de ser consistente com o restante. É que essa é uma boa notícia,
com a decisão do Tribunal Constitucional ter chumbado as vossas medidas.
Aplausos do PS.
Isto é, aquele medo, aquela pressão, aquela chantagem e aquele desrespeito que vários membros do
Governo, para não falar outra vez na Sr.ª Deputada Teresa Leal Coelho, tentaram inculcar, quer na população
quer no Tribunal Constitucional, como se viu, é uma falta de respeito pela ordem constitucional e democrática.
Esta descida das taxas de juro em cima das decisões do Tribunal Constitucional demonstra que é
inconsistente a reação do Governo, do PSD, da maioria relativamente às decisões do Tribunal Constitucional,
decisões que são legítimas, como bem sabemos.
O Sr. José Junqueiro (PS): — Bem lembrado!
O Sr. António Braga (PS): — Isto é, os mercados reagiram bem ao exercício das funções para as quais o
Tribunal Constitucional está mandatado, que é cumprir e resguardar a própria Constituição da República
Portuguesa.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. António Braga (PS): — O Sr. Deputado trouxe aqui alguns números, mas esqueceu-se de lembrar
outros, e também insistentemente dizemos que, se os números são bons, são bons para Portugal. Mas o Sr.
Deputado não referiu, por exemplo, que, no primeiro trimestre, o défice ficou em 5,6% e que o PIB caiu 0,7,…
O Sr. José Magalhães (PS): — Claro!
O Sr. António Braga (PS): — … o que significa justamente que está em crise a recuperação sustentada de
que o Governo tanto tem vindo a falar. E ninguém nesta bancada ou nesta Câmara, tenho a certeza, estará
satisfeito com estes resultados e com estes números.
Mas temos de perguntar ao Governo e, olhos nos olhos, ao Sr. Deputado o seguinte: está o Sr. Deputado
confortável nessa posição em que nos traz aqui alguns números desgarrados, já para não lhe falar na
emigração, que é um desastre do ponto de vista social e económico, nem no aumento exponencial da dívida,
que é um outro desastre contra o qual nos debatemos e por culpa exclusiva deste Governo? O Sr. Deputado
sente-se confortável com isso?
E, já agora, também não resisto a perguntar-lhes, a si e à sua bancada: os senhores sentem-se
confortáveis com a entrevista da Sr.ª Deputada Teresa Leal Coelho?