12 DE JUNHO DE 2014
21
O Sr. Mendes Bota (PSD): — … como ainda ontem o Sr. Presidente da República referiu no seu discurso
na celebração do Dia 10 de Junho.
Pode acusar-se o Governo do que se quiser. De eleitoralismo, nunca!
Da parte dos partidos que suportam o Governo, houve sempre, e continua a haver, disponibilidade para o
diálogo e para encontrar consensos. Infelizmente, o mesmo não se pode dizer dos partidos da oposição, onde
impera a indisponibilidade e a intransigência.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Mendes Bota (PSD): — Vou já terminar, Sr.ª Presidente.
A estabilidade é também sinónimo de prudência, de bom senso e de previsibilidade e quando estes
acabam começam os riscos. Aliás, atrever-me-ia a dizer que o maior risco que Portugal hoje corre é o de voltar
para trás, pondo em causa tudo o que os portugueses já conquistaram com tanto esforço.
Se, do lado de certas forças políticas, há indisfarçáveis tentativas de branquear o passado recente que nos
conduziu ao desastre, por outro lado, há claros movimentos que sequestram o futuro dos portugueses, em
nome de um passado que já provou não dar resultado.
O pleno respeito pelas decisões soberanas do Tribunal Constitucional não nos inibe de manifestar a nossa
opinião sobre essas decisões quando delas discordamos.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Muito bem!
O Sr. Mendes Bota (PSD): — É o que temos feito com total transparência e num quadro de respeito e
lealdade institucional.
A democracia, quando existe, é para todos e nenhum órgão político, nenhum detentor de cargo público,
está acima do escrutínio e da crítica sobre as suas ações ou omissões, por parte de todos e de cada um de
nós.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Muito bem!
O Sr. Mendes Bota (PSD): — Mal estará o País se uma parte dos cidadãos ou das suas instituições estiver
impedida de manifestar opiniões ou pedidos de esclarecimento, sob pena de acusação de perturbar o regular
funcionamento das instituições democráticas.
Se chegássemos a esse ponto, Portugal já não seria um verdadeiro Estado de direito democrático,…
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr. Deputado, vai ter de concluir.
O Sr. Mendes Bota (PSD): — … seria uma semidemocracia que rejeitaríamos vivamente.
Quando pedimos que o Tribunal Constitucional incorpore certeza e previsibilidade nas suas decisões,
especialmente nas que têm impacto no desempenho financeiro do Estado e reflexo nas contas públicas,
estamos a pedir fundamentalmente solidariedade institucional, em nome do interesse maior que é o interesse
do povo português.
Vou terminar, Sr.ª Presidente,…
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr. Deputado, vai ter mesmo de terminar, porque já ultrapassou
largamente o tempo de que dispunha.
O Sr. Mendes Bota (PSD): — … dizendo apenas o seguinte: Ortega Y Gasset disse que nós somos nós e
as nossas circunstâncias. Julgo que o mesmo se pode aplicar aos países e às suas instituições.
Saibamos cada um de nós estar à altura das nossas circunstâncias para que o interesse de Portugal e dos
portugueses esteja acima de todos os outros interesses.