I SÉRIE — NÚMERO 93
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Finalmente, os Srs. Deputados vêm aqui, numa, diria, certa falta de seriedade intelectual, dizer que o
desemprego diminuiu, o Eurostat diz que o desemprego diminuiu. É verdade! O INE diz que o desempego
diminuiu, que há menos 20 000 desempregados, mas também diz que há menos 42 000 empregados em
Portugal. O que é que isto quer dizer? Quer dizer que há menos desempregados, porque ou passam à
reforma, ou emigram, ou, então, desistem de procurar emprego, vão para debaixo do tapete das estatísticas.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Queira concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Vou concluir, Sr.ª Presidente.
Portanto, não é intelectualmente sério dizer que o desemprego diminui porque há mais emprego. Isso não
é verdade!
A terminar gostaria de deixar uma pergunta ao Sr. Deputado.
O Banco de Portugal vem dizer que são necessários mais 7000 milhões de euros de austeridade, mais
meio programa da troica. Os Srs. Deputados fizeram uma festa, com champagne, quando a troica saiu, o
relógio parou. Aquilo que percebemos é que o relógio parou na austeridade e que vamos ter austeridade para
sempre.
Gostaria que o Sr. Deputado comentasse como é que vai pôr em prática estes 7000 milhões, ao mesmo
tempo que diz querer um crescimento ou mais equidade na economia.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Hélder
Amaral.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Mendes Bota, queria, em primeiro lugar,
cumprimentá-lo pelo tom…
O Sr. José Magalhães (PS): — Pelo tom? É em «lá maior» com muito «dó»!…
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — … e pelos dados que trouxe a este debate, porque, neste preciso
momento, há empresários do turismo que olham para o País e para a sua atividade com muito mais
esperança, porque os dados são positivos.
Há um conjunto de trabalhadores e de empresários dos mais variados setores da economia portuguesa
que olham para os dados de hoje das taxas de juro, que acabámos de pagar, com confiança e com esperança
para o futuro.
Há trabalhadores que, desde 2005, perspetivavam um drama, que ainda existe, mas a verdade é que, mês
após mês, há uma criação líquida de emprego, ainda que reduzida.
Portanto, V. Ex.ª veio aqui falar do verdadeiro problema das pessoas, não da «espuma dos dias», nem de
outra coisa qualquer, mas, sim, daquilo que hoje, neste preciso momento, trabalhadores — do público e do
privado — e empresas dos mais diversos setores dizem, ou seja, «Já estivemos pior. Estamos bem melhor do
que estávamos em 2005».
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — São estes dados que o Sr. Deputado aqui veio trazer hoje e eu queria
cumprimentá-lo por isso, porque é isso que nos deve preocupar.
Falou também de uma coisa que acho fundamental: não há nenhuma crise das instituições. Quando as
instituições tomam decisões e as outras emitem opinião sobre essas mesmas decisões, isso é o normal
funcionamento das instituições. Mal fora se todos nós tivéssemos de passar ao lado, de calar e de fazer de
conta que não aconteceu nada!…
Sr. Deputado, o debate que tivemos até à intervenção de V. Ex.ª mostra podemos ficar descansados
quanto ao bloco à esquerda do Partido Socialista: é uma força destruidora, dificilmente querem criar o que