I SÉRIE — NÚMERO 105
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Aplausos do PSD.
Sr.ª Presidente, este é um conflito que dura há dezenas de anos. Como estamos preocupados com ele, o
PSD, juntamente com o PS e com o CDS, há duas semanas, subscrevemos um voto conjunto de apelo ao
consenso, à paz, à união, ao entendimento, tal como as Nações Unidas fazem. Mas há quem teime em ver
apenas um lado da história, como disse o meu colega do CDS. Há aqueles que querem e teimam em
esconder os rockets, em ver os espaços aéreos fechados, em ver os aviões abatidos, em ver as mortes do
outro lado. Isto não é apelar à paz, isto não é apelar ao consenso, isto é ser unilateral.
Por isso, mantemos a posição que assumimos há 15 dias: não queremos aumentar o conflito, queremos
contribuir para a paz naquele espaço. Como tal, não podemos assentar numa solução que, falando de
consenso, apenas apela à visão unilateral e continua a condenar a guerra só de um lado.
Queremos continuar, de uma forma serena, a apelar às organizações internacionais para que as duas
partes se entendam, e às outras entidades que querem intervir. Porque é que não se fala aqui do apelo ao
cessar-fogo que o Egito pediu e que uma das partes, unilateralmente, recusou?
Todos nós temos de contribuir para isso e não é com estes votos que o fazemos. Por isso, não podemos
votar favoravelmente.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, vamos agora votar separadamente os dois votos que acabaram de
ser discutidos em conjunto.
Votamos, então, o voto n.º 208/XII (3.ª) — De condenação dos crimes cometidos por Israel contra o povo
palestiniano (PCP).
Submetido à votação foi rejeitado, com votos contra do PSD, do CDS-PP e de 10 Deputados do PS
(Alberto Costa, João Paulo Correia, João Paulo Pedrosa, João Soares, Marcos Perestrelo, Miranda Calha,
Pedro Delgado Alves, Rosa Albernaz, Vieira da Silva e Vitalino Canas), votos a favor do PCP, do BE e de Os
Verdes e de 9 Deputados do PS (Ana Paula Vitorino, Carlos Enes, Catarina Marcelino, Eduardo Cabrita, Idália
Serrão, Inês de Medeiros, Isabel Alves Moreira, Isabel Santos e João Galamba) e a abstenção do PS.
Era o seguinte:
«Até às 8 horas do dia 22 de julho, o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos
Humanitários confirmava a morte de 640 pessoas em resultado da ofensiva militar de Israel contra a faixa de
Gaza, iniciada no dia 7 de julho último.
O Centro Palestino de Direitos Humanos, sediado em Gaza, relata a existência de 3946 feridos registados
até ao final do dia 24 de julho. Segundo dados das Nações Unidas, desde o dia 8 de Julho, foi confirmada a
morte de 155 crianças, das quais 36 têm idades inferiores a cinco anos. De acordo com a mesma fonte, 1100
crianças foram feridas, grande parte das quais com ferimentos graves, que incluem queimaduras extensas, a
perda de membros e golpes profundos provocados por estilhaços. Famílias inteiras, por vezes com uma ou
duas dezenas de pessoas, foram sepultadas nos escombros das suas casas, sob o efeito devastador dos
bombardeamentos israelitas.
Relatos insistentes de organizações humanitárias no terreno denunciam a utilização de armas químicas,
em particular de fósforo branco, a exemplo do que se verificou na campanha israelita de 2008 e 2009.
Cerca de 116 000 crianças, segundo dados das Nações Unidas, carecem de urgente intervenção
psicológica especializada em consequência da situação de stress extremo a que estão sujeitas desde o início
da ofensiva militar do Estado de Israel.
A UNRWA, agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos, calcula que mais de 110 000
pessoas estejam desalojadas, recolhidas na sua maioria nas instalações daquela organização, um número
que aquela agência estima ser superior ao que se verificou durante a operação «Chumbo Fundido».
No decurso da ação do exército israelita, desde o dia 7 de julho, foram bombardeados três hospitais,