I SÉRIE — NÚMERO 106
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O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr.ª Ministra, quando foi votado, nesta Assembleia da República, o artigo da
lei que nacionalizava o BPN, só o PCP e Os Verdes votaram contra, todos os outros partidos votaram a favor.
Vozes do CDS-PP: — Não, não!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — E o PSD também!
O Sr. João Oliveira (PCP): — E nós lembramo-nos bem que a justificação que na altura era dada era
muito semelhante ao discurso que a Sr.ª Ministra hoje faz, e é por isso que soam a falso as palavras do
Primeiro-Ministro e da Sr.ª Ministra das Finanças, quando, em 11 de julho, o Sr. Primeiro-Ministro, e a 17 de
julho, a Sr.ª Ministra, diziam que o mais provável seria não haver intervenção do Estado. Percebia-se já que
isso soava a falso.
O problema, Sr.ª Ministra, é que podemos estar a percorrer, uma vez mais, o caminho que foi trilhado com
o BPN, agora com nomes diferentes e conceitos alternativos, mas podemos estar a percorrer exatamente o
mesmo caminho.
O que nós queremos da Sr.ª Ministra é que responda às perguntas que lhe fizemos e que dê aos
portugueses a garantia absoluta de que não haverá esse risco.
A Sr.ª Ministra disse, em relação ao empréstimo que o Fundo de Resolução contrai junto do Fundo de
Capitalização, que não há risco neste empréstimo.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. João Oliveira (PCP): — E termino, Sr. Presidente.
Queremos saber quem é que avaliou esse risco, qual foi a entidade que o avaliou e como é que se faz uma
afirmação dessas.
A Sr.ª Ministra recusou outras soluções porque eram mais arriscadas. Queremos saber quem é que avaliou
essas outras soluções, que outras soluções eram essas e por que é que a Sr.ª Ministra diz que são mais
arriscadas.
Sr.ª Ministra, temos aqui o decreto-lei com a assinatura do Ministro Paulo Portas.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Este decreto-lei foi aprovado no Conselho de Ministros de dia 31 de julho —
certamente que não foi feito na manhã de dia 31, estava já preparado no dia 30. Por que é que não houve uma
comunicação à CMVM…
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Sr. Deputado, já esgotou o seu tempo.
O Sr. João Oliveira (PCP): — … que impedisse a transação das ações? Por que é que não foi tomada
essa medida para impedir que se continuassem a transacionar ações de um banco que já se sabia que iria ser
intervencionado pelo Estado, no sentido em que foi?
Para concluir, Sr.ª Ministra, uma última pergunta relativamente aos trabalhadores e aos seus direitos,
particularmente em relação ao Fundo de Pensões. Que avaliação é que já foi feita na situação do Fundo de
Pensões? Que medidas é que o Governo está a ponderar para proteger os trabalhadores, particularmente em
relação ao Fundo de Pensões, e que garantia é que a Sr.ª Ministra pode dar hoje, aqui, que a injeção de
dinheiro público para recuperar este banco não será acompanhada da promoção pelo Governo de um
processo de despedimento coletivo, que poderá ser o maior processo de despedimento coletivo do nosso País
desde o 25 de Abril.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — O Sr. Deputado Pedro Filipe Soares pede a palavra, mas já não tem
tempo de intervenção.