I SÉRIE — NÚMERO 106
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O Sr. Alberto Martins (PS): — O que é que foi feito? O que é que o Governo fez? O que fez a troica? Qual
foi a atuação da supervisão? Estava tudo correto?!
Protestos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Ministra veio aqui dizer há 15 dias que havia segurança, que havia estabilidade e que os
portugueses podiam investir. O que é que se passou? Repito: o que se passou?
Também há 15 dias, veio dizer que havia uma distância brutal, absoluta, entre o BES e o GES. O que é
que se passou? Onde é que está a verdade? A verdade não estava consigo!
O Sr. Mota Andrade (PS): — Pois essa é que é a verdade!
O Sr. Alberto Martins (PS): — Poderá dizer — e eu aceito e admito — que desconhecia, mas tinha o
dever de conhecer. É dever do Estado conhecer a supervisão, a troica e prevenir medidas, porque a
campainha de alarme existiu há muito.
Sr.ª Ministra, há também aqui uma outra questão que é particularmente relevante, que é quem defende os
contribuintes. A Sr.ª Ministra ufanou-se, logo no início da sua intervenção, dizendo: «Os socialistas estejam de
acordo porque eu também defendo os contribuintes». Defendeu os contribuintes quando permitiu um aumento
de capital de 1000 milhões de euros sem dizer nada, permitindo que os pequenos acionistas fossem atrás de
uma ideia de segurança, transmitida pelas entidades públicas e pelas autoridades portuguesas? O que é isto?
O Sr. Mota Andrade (PS): — É ver o estado da Bolsa!
O Sr. Alberto Martins (PS): — O que é isto senão uma situação de pilhagem que, na prática, veio a ser
permitida e consentida?
Agora, Srs. Deputados, a realidade dói!
Protestos do Deputado do PSD Luís Montenegro.
Sr. Deputado, a realidade dói, mas é inexorável.
Por isso, quero dizer o seguinte: o que o PS pretende, para já, é que não sejam os contribuintes a pagar os
prejuízos dos bancos.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Nós pensamos e defendemos que não sejam os contribuintes a pagar os prejuízos do banco. Houve
garantias, da parte do Governador do Banco de Portugal, que isso não acontecia. Para já, estamos à espera
que essas garantias se cumpram, mas o que entendemos é que o Estado e o Governo têm de assumir as
suas responsabilidades. E, Sr.ª Ministra, não chega vir aqui dizer…
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Alberto Martins (PS): — … que o Estado não tem nada a ver com o Fundo de Resolução. Quem é
que empresta o dinheiro ao Fundo de Resolução? É o Estado na base de quê? Quem é o Estado? De quem é
o dinheiro do Estado? Quem é o Estado senão os cidadãos?
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Alberto Martins (PS): — Quem é um Estado organizado senão os cidadãos? Quem é que vai
emprestar este dinheiro que está em dívida pública?
Portanto, Sr.ª Ministra, transparência, rigor, confiança. Mas, para haver confiança, é preciso haver
fiabilidade.