8 DE AGOSTO DE 2014
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… na qual encontrarão a resposta sobre quem tem competência para ser a autoridade de resolução em
Portugal, que é o Banco de Portugal. E não estou a falar da legislação que foi aprovada nestes últimos dias,
estou a falar do conjunto de legislação que tem vindo a ser aprovada há mais de dois anos, na qual
encontrarão a resposta a essas dúvidas.
Portanto, o que acontece é que o Fundo de Resolução, na sequência da decisão do Banco de Portugal de
resolver o Banco Espírito Santo, foi chamado a capitalizar o Novo Banco. Como o Fundo de Resolução, que é
alimentado com contribuições dos bancos, foi criado há ainda pouco tempo e não dispunha dos meios
suficientes e, dada a urgência inadiável, pediu, mais uma vez nos termos do que a lei permite, um apoio
financeiro transitório ao Estado. Aquilo que o Estado concede é um empréstimo com uma maturidade mínima
de três meses e máxima de dois anos, que, neste momento, se restringiu a 3900 milhões de euros, porque os
bancos entenderam dever responsabilizar-se, já nesta fase inicial, imediatamente, por um montante superior.
O Sr. João Oliveira (PCP): — E se não for pago o empréstimo?!
A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — Portanto, o empréstimo já será de apenas 3900 milhões de
euros.
O reembolso deste empréstimo ao Tesouro e aos contribuintes é independente do momento e do valor pelo
qual o Novo Banco seja vendido. O responsável pelo reembolso deste empréstimo é o Fundo de Resolução, o
qual é alimentado exclusivamente por fundos que vêm do setor financeiro.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Incluindo a Caixa Geral de Depósitos!
A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — A responsabilidade é exclusivamente do setor financeiro.
O setor financeiro faz contribuições normais ou extraordinárias e pode, sob a forma de empréstimos,
adiantar contribuições futuras, como agora foi decido aceitar pelo Fundo de Resolução, e poderá ser um
montante maior.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Qual é a participação da Caixa Geral de Depósitos no Fundo de
Resolução?!
A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — Os contribuintes receberão necessariamente de volta o seu
montante. Ora, isto permite explicar também o porquê da taxa de juro.
A taxa de juro representa o custo de financiamento, o que os fundos da troica custam aos contribuintes,
acrescida de uma margem para custos. Não tem uma margem superior porque não tem risco; não há risco
neste empréstimo, ele será reembolsado, independentemente do que aconteça ao Novo Banco, de quando for
vendido e de por quanto for vendido.
Protestos do PCP.
O Sr. Deputado Alberto Martins perguntou se existem garantias para o Estado e se as ações do Novo
Banco são dadas em garantia. Não, Sr. Deputado, nem nós queremos! Nós não queremos ficar com ações de
um banco para assumir o prejuízo! É essa a diferença da solução, Sr. Deputado. Foi isso que não aconteceu
agora como aconteceu no BPN!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos do PS.
O Estado não é acionista do Novo Banco, não vai ser acionista do Novo Banco e, aconteça o que
acontecer ao Novo Banco, não vai ser chamado a pagar eventuais prejuízos, e isso tem de ficar muito, muito
claro.