I SÉRIE — NÚMERO 16
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fez com os cidadãos, todos os contratos que fez com a sociedade, todos os contratos que fez com os
reformados, todos os contratos que fez no Estado democrático.
Que contratos são estes em que o Governo não quer tocar e em seu nome corta tudo? Por que é que o
Governo diz que quer pagar a dívida e não quer pagar mais nada, e aceita não pagar salários, aceita não
pagar pensões, aceita não pagar por aquilo que o País precisa para crescer?!
Esta é uma é pergunta a que importa responder. As pessoas têm o direito de saber que parte desta dívida
vem da especulação, porque há muita que vem da especulação.
As pessoas têm o direito de saber que parte desta dívida vem de contratos ruinosos, nomeadamente de
parcerias público-privadas.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Termino, Sr. Presidente, dizendo que as pessoas têm o direito de saber
que parte desta dívida existe, simplesmente, porque a austeridade provocou recessão e a recessão provoca
dívida. As pessoas têm o direito de saber que dívida é esta que lhes consome as vidas e impõe esta
austeridade que destrói o País.
É porque acompanhamos este direito de informação e acompanhamos a proposta da petição que
apresentamos um projeto de resolução que vai exatamente no mesmo sentido, que é o de fornecer
instrumentos económicos ao País e, além disso, instrumentos democráticos, para que as pessoas saibam o
que é que se passa e possam decidir sobre a sua economia. Parece-nos que são estes os objetivos da petição
e são estes objetivos que acompanhamos com o nosso projeto de resolução.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, em nome do Grupo Parlamentar
do Partido Ecologista «Os Verdes», começo por saudar os milhares de cidadãos que, através desta petição,
através deste instrumento da nossa democracia participativa, mostram uma grande e legítima preocupação
pela dimensão colossal da dívida pública e, nesse sentido, defendem a renegociação da dívida, com o
envolvimento dos cidadãos.
Como muito bem defendem os peticionantes no texto que acompanha a petição, aliás, muito bem
fundamentada, a austeridade não resolve, antes agrava o problema do envidamento. Depois de sucessivos
cortes e confiscos, de retrocessos sociais, de alienação de recursos, o que temos é uma dúvida em
permanente crescimento, com juros sempre a somar. É por isso que se torna absolutamente urgente proceder
à renegociação da dívida.
A nosso ver, o caminho que o Governo PSD/CDS teimam em continuar, contra tudo e contra todos, só tem
um destino, que é o de colocar os portugueses a «pão e água», ainda por cima sem criar as condições para o
pagamento da dívida.
Basta, aliás, percorrer as políticas que este Governo nos impôs e atender aos seus resultados para que se
perceber que, de facto, austeridade não rima com o pagamento de dívida pública.
Quando este Governo tomou posse encontrou a dívida pública nos 96% do PIB e depressa os fez disparar
para os 100%.
Depois disso, e à medida que foi impondo cortes salariais, cortes nas reformas, facilitando e
embaratecendo o despedimento, semeando desemprego, provocando a falência de pequenas e médias e
empresas, a dívida foi crescendo.
A cada remessa de austeridade e de sacrifícios que o Governo foi imponto aos portugueses correspondeu
mais um aumento da dívida pública. E o resultado está agora à vista de todos: este Governo PSD/CDS, em
três anos e meio, empobreceu as famílias, fragilizou o Estado social, multiplicou a pobreza e o desemprego e
colocou a dívida nos 134% do PIB.