I SÉRIE — NÚMERO 18
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Agora, Sr. Deputado, a reforma do Estado é um processo contínuo que iniciámos neste mandato. Não
estamos agora a fazê-la, iniciámo-la neste mandato e envolveu diversas áreas muito importantes, áreas de
soberania, a da defesa nacional, a da justiça, a da segurança interna. São reformas importantes que têm vindo
a ser executadas.
Mas fizemos também reformas muito importantes do ponto de vista da organização do Estado e, por isso,
conseguimos, logo no início do mandato, não foi no fim, foi no início do mandato, apresentar e eliminar
estruturas que considerávamos que estavam a mais na Administração, designadamente lugares de direção,
assim como encolhemos as despesas do pessoal político ao serviço do Estado, a começar nos gabinetes dos
membros do Governo.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Muito bem lembrado!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Conseguimos, portanto, Sr. Deputado, apresentar uma mudança muito
importante face ao passado, mas conseguimos também introduzir princípios reformistas muito relevantes que
nos ajudam a encarar o futuro de forma mais sólida, e introduzimos vários na área social e da segurança
social.
É verdade que, na área das pensões públicas, não conseguimos introduzir a mais completa reforma que
desejaríamos, mas é conhecido de todo o País que isso não se deve à falta de determinação deste Governo,
Sr. Deputado. Aconteceu, por razão jurídico-constitucional, que, por duas vezes, as propostas que fizemos
para a alteração das pensões públicas, de modo a dar sustentabilidade à segurança social, não passaram,
apesar daquele que foi o nosso empenho, e continuo a aguardar que o Partido Socialista possa dizer se
reconhece ou não que precisamos de ter uma reforma importante nessa matéria.
E agora, sim, termino, Sr. Deputado, dizendo o seguinte: se estamos a fazer todas estas reformas e mais
algumas que enunciei na tribuna, desde o início, apesar de estarmos no final do nosso terceiro ano de
mandato, se temos este ímpeto reformista e nunca deixámos de convocar o Partido Socialista para participar
neste processo de reformas, por que é que o Sr. Deputado considera que estamos a convocar o Partido
Socialista tardiamente para uma tarefa que o Partido Socialista, durante tantos anos que esteve à frente do
País, não conseguiu realizar uma única, e importante, reforma desta dimensão?! Era isto que eu gostava que
o Sr. Deputado me esclarecesse.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta cabe ao PSD.
Tem a palavra o Sr. Deputado Luís Montenegro.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, depois desta pequena viagem ao
País cor de rosa, creio que devemos voltar, de facto, à realidade. E a realidade é esta, Srs. Deputados, não é
imaginação: este Orçamento está a ser discutido sem troica em Portugal. É o primeiro Orçamento desta
Legislatura…
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Ora, lá está!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — … que é discutido sem a troica que os senhores chamaram quando
estavam atrapalhados com as finanças públicas.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Não é imaginação, é realidade! Este é o Orçamento do Estado que perspetiva para Portugal o mais baixo
défice desde o 25 de Abril, desde há 40 anos. Não é imaginação, é mesmo verdade! É um défice de 5000
milhões de euros!