31 DE OUTUBRO DE 2014
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as organizações internacionais têm a mesma perspetiva de crescimento em Portugal para 2015. E até à data
não há qualquer alteração nas previsões que foram feitas, Sr. Deputado, são as mesmas.
O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — As mesmas?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Significa que Portugal, para todas essas organizações, vai crescer mais em
2015 do que cresceu em 2014.
Mas veja o Sr. Deputado o que estamos a discutir: a dimensão do crescimento! Estamos a discutir a
dimensão do crescimento!
O Sr. Pedro Nuno Santos (PS): — Qual crescimento?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não sei se o Sr. Deputado já se deu conta dessa pequenina alteração?!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Portanto, quando estamos, pela primeira vez em dezenas de anos, a conseguir crescer sem aumentar o
défice externo, que é como quem diz sem deteriorar as contas externas — e os últimos valores, disponíveis a
agosto, mostram evidentemente, e já aqui o referi, no Parlamento,…
Protestos do Deputado do PS João Galamba.
O Sr. Deputado está inscrito, levará a sua resposta na altura própria. Se não se importa, agora é o chefe da
bancada. Tem de ter paciência.
Risos do PSD.
Ora, a verdade, Sr. Deputado Ferro Rodrigues, é que conseguimos manter um excedente externo até finais
de agosto deste ano e, ao mesmo tempo, ter a nossa economia a crescer. Se isto não é uma mudança de
paradigma, o que é?! Até aqui, Portugal só conseguia crescer com recurso ao endividamento, fosse público,
fosse privado, e isto sugeria sempre, como consequência, um aumento do desequilíbrio externo. O que nós
estamos a fazer é o oposto. Como é que o Sr. Deputado diz que não há uma mudança de paradigma?!
Ao contrário, por exemplo, infelizmente, da Grécia, que conseguiu obter excedentes externos simplesmente
por quedas abruptas das importações, nós temos conseguido manter aumentos de quotas de mercado nas
exportações e o Sr. Deputado diz que não há uma mudança estrutural no paradigma da economia
portuguesa?!
O Sr. João Galamba (PS): — Não há, não! Já lá vamos!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Ó Sr. Deputado, sei que o Partido Socialista passou estes três anos e qualquer
coisa a olhar para as eleições que desejaria ter não no fim do ciclo, mas antes que o ciclo se fechasse…
Vozes do PSD: — Bem lembrado!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … e, com isso, se não me leva a mal, acho que se autoconvenceu dos
resultados que mais lhe interessariam para poder fazer o discurso eleitoral. Mas o Sr. Deputado tem de
conciliar o seu discurso eleitoral com a realidade. Quem está aqui a funcionar à margem da realidade, num
País imaginário, não sou eu, Sr. Deputado, tem sido o Partido Socialista.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.