31 DE OUTUBRO DE 2014
19
Um Governo que afundou a educação e o ensino — do básico ao superior — com os cortes que promoveu
de mais de 2200 milhões de euros, entre 2011 e o que está previsto para 2015.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — O Governo que mais dificuldades criou ao Serviço Nacional de Saúde
e aos portugueses no acesso aos serviços de saúde com a política de encerramentos e de cortes.
Até quando vão recusar a nossa proposta de defesa da escola pública e do Serviço Nacional de Saúde e
vão perpetuar este ataque brutal aos direitos do nosso povo à saúde e à educação?
Um Governo que subiu ao pódio da injustiça social e que, com o contributo do anterior Governo, conseguiu
a proeza de dar o maior e mais profundo golpe no sistema de proteção social: menos 665 000 crianças a
receberem abono de família; menos 312 000 pessoas a receberem o rendimento social de inserção; e menos
73 000 pessoas a receberem o complemento social para idosos. Num País onde mais de metade dos
desempregados não recebe o subsídio de desemprego e os que recebem viram o seu valor cair.
O Governo que mais pobres produziu no mais curto espaço de tempo, com a sua política de retrocesso
social — mais 600 000 em três anos —, que mais cortou nos rendimentos das famílias, com o agravamento da
injustiça fiscal, o aumento histórico dos impostos diretos e indiretos, em cima de brutais cortes e
congelamentos de salários e pensões.
Também aqui, Sr. Primeiro-Ministro, até quando vão recusar a nossa proposta de uma política fiscal para
romper com o favorecimento dos bancos e dos grandes grupos económicos, com a especulação e aliviar os
impostos dos trabalhadores e do povo?
Esta semana, o Governo exultou com o facto de o Banco Mundial achar que Portugal é um País amigo dos
mercados. E porquê? Porque cá há salários mais baixos; porque cá se pode despedir com facilidade; porque
cá há um exército de desempregados disponíveis para trabalharem sem direitos; porque cá o capital paga
menos impostos.
Sr. Primeiro-Ministro, é este o País que pretende construir? Com certeza que o povo português não o
permitirá!
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, tem a palavra para responder.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, pediu-me, logo à abrir a sua
intervenção, que explicasse a referência à manutenção de medidas que vigoraram temporariamente durante o
Programa Assistência Económica e Financeira (PAEF).
O Orçamento do Estado faz uma referência explícita a isso, pelo que o Sr. Deputado poderia ter
acrescentado o resto: na medida em que elas possam ser importantes no conjunto das obrigações europeias
que Portugal tem…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Uma nova desculpa, portanto!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … no conjunto dos compromissos que resultam quer de ser parte da moeda
única, da zona euro, quer de ter subscrito o chamado tratado orçamental.
Sr. Deputado, isso é muito relevante, porque me permite, nesta Câmara, mais uma vez, explicitar bem o
que é estar sob resgate financeiro e ajuda externa ou ter a responsabilidade de integrar o espaço monetário
comum e de fazer parte da União Europeia.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Outra desculpa para fazer o mesmo!
O Sr. Primeiro-Ministro: — É verdade, Sr. Deputado, são coisas distintas, mas têm entre si uma ligação
evidente.