I SÉRIE — NÚMERO 20
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O Sr. Secretário de Estado Adjunto e do Orçamento: — Muito se tem discutido sobre o Orçamento, mas
nada se tem dito relativamente ao custo das propostas que aqui são faladas.
A esse propósito, mais uma vez, a UTAO (Unidade Técnica de Apoio Orçamental) teve o prazer de
apresentar, ontem, uma nota na qual é referido o Ministério das Finanças. Quanto à conclusão da nota, que
ontem foi publicada, do lado do Ministério das Finanças e do lado do Governo há toda a disponibilidade para
prestar informação à Unidade Técnica de Apoio Orçamental, como, aliás, tem sido hábito.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Assistimos a um momento histórico. O Partido
Socialista, depois de ter apresentado o Decreto-Lei n.º 70/2010 — que afastou milhares de crianças do abono
de família —, com o apoio do PSD e do CDS, que, chegados ao Governo, mantêm o mesmo Decreto e a
mesma limitação, depois de, pelo menos cinco vezes, o Partido Comunista Português ter proposto a reposição
do 4.º e do 5.º escalões e a majoração no 1.º e no 2.º, eis que, em véspera de eleições, o PS apresenta uma
proposta.
Saudamos esta aproximação do Partido Socialista, não por haver eleições, mas porque se traduzirá, se for
acompanhada pelo PSD e pelo CDS, numa melhoria das condições de vida para muitas crianças e para
muitas famílias neste País.
O Secretário de Estado do Emprego veio dizer que o desemprego não está a aumentar, o mesmo
Secretário de Estado que já anunciou que quer atirar 700 trabalhadores da segurança social para o
desemprego! Sr. Secretário de Estado, tenha, pelo menos, a coerência de admitir que o que este Governo faz
é substitui trabalhadores com direitos por trabalhadores sem direitos.
Da parte do PCP, denunciaremos sempre, mas sempre, cada medida da política de direita, seja de
governos do Partido Socialista, seja de governos do PSD e do CDS, que colocam em causa a Constituição e o
progresso deste País.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, vamos passar à discussão do artigo 117.º-B — Passes escolares.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Idália Serrão.
A Sr.ª Idália Salvador Serrão (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O que está aqui em causa é
o acesso ao transporte público e uma proposta para desconto no passe das crianças e dos jovens entre os 4 e
os 18 anos que frequentam a escolaridade obrigatória e para os jovens que têm menos de 23 anos e estão no
ensino superior.
Hoje, a realidade dos portugueses exige-nos um olhar atento e medidas concretas. A pobreza tem
aumentado e, por muito que os senhores tentem fazer ver aos portugueses que a pobreza não está a
aumentar, eles sentem-na, todos os dias, nas suas vidas. A pobreza tem aumentado em Portugal e tem
especial incidência nas crianças, nos jovens e nos idosos. Mas o desemprego também está instalado nas
famílias e em todas as gerações. Os netos, os pais, os avós estão fustigados pelo desemprego.
Portanto, a proposta que o Partido Socialista apresenta visa retomar esse apoio, que é um dos mais
significativos para o orçamento familiar. É um apoio que pode fazer a diferença entre ter ou não ter os filhos na
escola e nós sabemos qual é a importância das qualificações, a importância da escola no quebrar dos ciclos
geracionais de pobreza. Mas nem mesmo assim os senhores se demovem.
Para além de ser uma medida importante para as famílias, esta é também uma medida importante de
incentivo ao uso do transporte público. O Governo lançou a discussão sobre a reforma da fiscalidade verde
mas não é coerente nem com as pretensões, nem com as propostas que apresenta neste Orçamento do
Estado, nem com as ações que pratica. O desconto no passe dos estudantes incentiva o uso do transporte
público e também promove a diminuição da poluição.