6 DE DEZEMBRO DE 2014
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Assim sendo, em primeiro lugar, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Sá para apresentar o requerimento 1-
P, apresentado pelo PCP, de avocação para votação na especialidade das suas propostas de alteração ao
artigo 2.º (Alteração ao Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares), que altera os artigos
68.º (Taxas), ao artigo 72.º-A (Sobretaxa extraordinária) do Código do IRS, do texto final apresentado pela
Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública relativo à proposta de lei n.º 256/XII (4.ª).
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Em 2013 o Governo aumentou
brutalmente a carga fiscal que incide sobre os rendimentos do trabalho, levando a que, em apenas um ano, a
receita do IRS tivesse aumentado 3200 milhões de euros.
A questão central na reforma do IRS deveria ser, obrigatoriamente, a da reversão da injusta e crescente
carga fiscal que recai sobre os trabalhadores, sobre os reformados e sobre as famílias. Mas a intenção do
Governo foi, desde o início, transformar em definitivo aquilo que em 2013 havia anunciado como provisório.
Todas as voltas e reviravoltas do Governo sobre esta matéria tiveram como único objetivo desviar as atenções
desta questão central.
A reforma do IRS que os trabalhadores e o povo exigem passa, obrigatoriamente, pela reversão do brutal
aumento da carga fiscal imposto pela maioria PSD/CDS.
Por isso, o PCP avoca para votação em Plenário as suas propostas de alteração que visam reverter esse
brutal aumento de IRS concretizado em 2013.
Propomos o aumento do número de escalões do IRS, reforçando a progressividade deste imposto,
propomos a diminuição significativa da taxa de IRS nos escalões de rendimento mais baixo e intermédios,
propomos a eliminação imediata da sobretaxa extraordinária.
Estas propostas do PCP traduzem-se num alívio efetivo da carga fiscal que cai sobre os trabalhadores e o
povo, de cerca de 4250 milhões de euros. A correspondente redução de receita fiscal poderia ser compensada
com uma tributação mais adequada do grande capital, por via de um imposto sobre transações financeiras e
de um imposto sobre o património imobiliário que renderiam aos cofres do Estado mais 1100 milhões de
euros.
O PCP avoca, ainda, uma outra proposta, uma cláusula de salvaguarda que permita aos contribuintes optar
entre liquidar o IRS de acordo com as normas da designada reforma do IRS ou, então, liquidar o imposto de
acordo com as normas vigentes, em 2012, ano imediatamente anterior ao assalto fiscal do Governo aos
rendimentos do trabalho.
O Governo tem repetido, vezes sem conta, que o aumento da receita fiscal em sede de IRS se deve ao
crescimento económico e ao combate à fraude e à evasão fiscais. Se assim fosse, a aprovação da cláusula de
salvaguarda proposta pelo PCP não implicaria uma redução de receita fiscal.
A rejeição desta proposta pela maioria PSD/CDS representará uma inequívoca confissão de que o seu
objetivo é a manutenção da injusta e crescente carga fiscal que recai sobre os trabalhadores e o povo.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para apresentar o requerimento de avocação do Bloco de Esquerda,
tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, podia o IRS ser reformado?
Podia.
Podia o IRS pesar menos no bolso das pessoas? Podia e devia!
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Vai pesar menos!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Alcançamos isso com a proposta do Governo? A verdade é que não.
Nós partimos para este debate com uma presença incómoda na sala de jantar, que era a fotografia do
enorme aumento de impostos de Vítor Gaspar. E a proposta que o PSD e o CDS nos trouxeram é a de que,