I SÉRIE — NÚMERO 30
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mas também associar esses mesmos direitos de Israel ao reconhecimento de Israel do direito a um Estado
Palestiniano soberano, democrático, nos termos do direito internacional e das resoluções da ONU.
É o que esperamos, é o que desejamos.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado António Rodrigues.
O Sr. António Rodrigues (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados:
Começo por apresentar os meus cumprimentos aos Srs. Embaixadores aqui presentes, dirigindo-lhes uma
saudação muito especial.
Não quero dizer que este seja um momento histórico na Assembleia da República, porque histórico será
darmos o nosso contributo e podermos dizer que contribuímos para a paz naqueles territórios. Esta não é uma
declaração unilateral, esta não é uma situação em que queremos tomar parte por um dos lados, esta é uma
declaração em que dizemos que é preciso encontrar uma solução para aqueles dois territórios para que povos
possam coexistir no mesmo espaço, para que possam viver, para que deixemos de falar de guerra, para que
deixemos de falar de mortos, para que deixemos de falar de destruição e que, como seguramente todos
querem nesta Sala, deixemos de falar daqueles territórios e que passemos a falar da resolução de outros
problemas pelo mundo fora.
Queremos dar aqui o nosso contributo e queremos acabar com alguns mitos. Esta não é uma questão de
direita ou de esquerda, esta não é uma questão de uns que estão contra e de outros que estão a favor, esta é
uma questão em relação à qual, como representantes do povo português, mas também como responsáveis da
comunidade internacional, queremos dizer à comunidade internacional que basta de conflito, que basta de
guerra, que basta de armas, que basta daquilo que é demais. É que aquilo que tem acontecido nos últimos 40
anos é dizerem-nos que vamos ter negociações, mas não há resultados; que vamos ter paz, mas não temos;
que vamos ter moderação, e continuamos sem ela.
Dizemo-lo para que possam levar a mensagem aos vossos povos e aos vossos representantes, mas
também dizemos daqui ao povo português que temos consciência das nossas responsabilidades.
Nós queremos, em conjunto com os nossos parceiros da União Europeia, contribuir para que ali se
encontre o objetivo mais importante, que é a paz. Acabe-se com a guerra, acabe-se com a morte, comecemos
nós a construir. Damos esta mensagem para o mundo e pedimos ao Governo que se associe a nós, pedimos
ao Governo que em conjunto com outros governos o faça, tal como nós o conseguimos fazer aqui com o
Partido Socialista e com o CDS. E estou convicto que temos a maioria do povo português connosco, pois a
mensagem que queremos passar é a de que é preciso acabar de uma vez por todas com aquele conflito.
Queremos que ali coexistam dois povos, dois territórios, duas nações que possam assumir as suas
fronteiras, as suas responsabilidades. Não nos pronunciamos sobre as fronteiras, não nos pronunciamos
sobre as coisas em concreto, isso não nos cabe a nós, cabe àqueles que são os representantes daqueles
povos, mas é preciso, ao fim das dezenas de anos, que acabemos de uma vez por todas de nos atirarmos uns
contra os outros e que digamos todos em conjunto que é o momento de também ali acabarmos com o conflito,
com a guerra, com a mutilação, com a violação dos direitos humanos.
Portugal tem uma responsabilidade acrescida: a partir de janeiro assume a Presidência da Comissão dos
Direitos Humanos, em boa hora. Também aí teremos, de lado a lado, de parte a parte, terminando com os
mitos, de contribuir para que ali acabem os conflitos e para que também ali só haja no fim uma palavra.
Sabemos que é difícil encontrar essa palavra, temos a consciência de que é muito difícil, mas que acabe o
ódio, que acabe a guerra e que a única palavra que subsista no fim seja a paz, a coexistência pacífica e o
respeito pelos direitos humanos de todos os que vivem naqueles territórios.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.