13 DE DEZEMBRO DE 2014
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O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, em nome do Partido Ecologista «Os Verdes»
começo por saudar as delegações diplomáticas aqui presentes, em especial a Sr.ª Embaixadora do Estado da
Palestina.
Creio que hoje temos a oportunidade de dar um importante passo, de tomarmos uma decisão no sentido de
afirmar o respeito pelo direito internacional, uma oportunidade para contribuir para a paz no mundo, uma
oportunidade para dar um importante passo no sentido de contribuir para o respeito e para o cumprimento das
resoluções das Nações Unidas, mas, também, uma oportunidade para afirmar a nossa soberania.
Basta, para isso, que os partidos da maioria mostrem disponibilidade para viabilizar o projeto de resolução
do Partido Ecologista «Os Verdes» para que o Governo reconheça o Estado da Palestina independente, livre e
soberano, dentro das fronteiras de 1967, portanto anteriores à Guerra dos Seis Dias. Um reconhecimento sem
quaisquer condicionalismos, sem depender de terceiros e sem depender de qualquer coordenação com a
União Europeia.
No pleno uso dos seus poderes e competências constitucionais, enquanto Estado soberano, o Governo
deve reconhecer o Estado da Palestina.
E esta Assembleia deve, de forma clara, objetiva, sem rodeios e sem meias palavras, recomendar ao
Governo que reconheça já, e incondicionalmente, o Estado da Palestina.
De facto, Srs. Deputados, nós nada temos contra a coordenação com a União Europeia, até achamos que
Portugal deve, de facto, envolver-se nesse sentido, mas aquilo que hoje se impunha, aquilo que hoje seria
fundamental era que esta Assembleia recomendasse ao Governo o reconhecimento do Estado da Palestina
sem fazer depender esse reconhecimento do reconhecimento de outros países.
Nós temos aqui que lamentar que os partidos da maioria, PSD e CDS, nem sequer tenham mostrado
disponibilidade para aceitar a proposta que fizemos ao texto que foi apresentado e que agora acabou por ser
subscrito apenas pelo PS, pelo PSD e pelo CDS, onde acrescentávamos um ponto que dizia apenas o
seguinte: «A Assembleia recomenda ao Governo que reconheça o Estado da Palestina», e mantínhamos os
outros pontos. Foi por isso que este texto acabou por ser apenas subscrito pelo PS, pelo PSD e pelo CDS,
apesar — tem de se dizer — dos esforços do Sr. Presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros para que
houvesse um texto conjunto. E foi por isso, também, que Os Verdes mantiveram o seu projeto de resolução
com um ponto único, que recomenda apenas ao Governo que reconheça o Estado da Palestina.
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, há acordo por parte de todas as bancadas para que o Sr. Ministro de
Estado e dos Negócios Estrangeiros, aqui presente, possa também intervir.
Tem, pois, a palavra o Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros (Rui Machete): — Sr.ª Presidente da Assembleia
da República, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados, Srs. Membros do Corpo Diplomático: O
projeto de resolução n.º 1173/XII, subscrito pelos Grupos Parlamentares da maioria e do Partido Socialista,
atesta bem a importância atribuída pelos proponentes à solução de dois Estados democráticos e soberanos
coexistindo na Palestina em paz e segurança.
Congratulamo-nos, também, com o consenso alargado a que se chegou nesta matéria tão relevante da
política externa.
Portugal é um país amigo quer do povo de Israel, quer do povo da Palestina. Esta deliberação não é,
assim, contra nenhuma das partes em conflito, bem pelo contrário é a favor de uma solução que considera boa
para ambas e necessária para assegurar a paz e a segurança naquela região.
O Governo português é sensível ao apelo da Assembleia da República e procurará escolher o momento
mais adequado para proceder ao reconhecimento do Estado da Palestina, de modo a que esse ato possa
facilitar a solução que se considera necessária para que israelitas e palestinianos convivam duradouramente
de forma pacífica.
Portugal sempre defendeu uma solução de dois Estados, que considera a única via para garantir a paz e a
segurança e os direitos fundamentais dos dois povos. Ela constitui também uma contribuição essencial para
que as negociações sejam retomadas sem demora e cheguem a bom termo.