13 DE DEZEMBRO DE 2014
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Temos, ainda, problemas sérios com a desigualdade social, que tem de ser corrigida.
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Primeiro- Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Terminarei, Sr.ª Presidente.
Esta é uma matéria que, felizmente, não foi agravada pela crise, mas temos, evidentemente, de há muitos
anos a esta parte, uma assimetria demasiado cavada que precisa de ser corrigida e que permanece como um
desafio importante para os anos seguintes.
Finalmente, Sr.ª Presidente, queria dizer que temos instrumentos importantes à nossa disposição, de que
falaremos, provavelmente, de forma mais abundante, no segundo debate, incluindo a questão que tem a ver
com o plano de investimentos ao nível da União Europeia e com o programa Portugal 2020, que serão muito
importantes para melhorar as perspetivas de desenvolvimento e de crescimento da economia portuguesa.
Mas temos já uma conclusão: a de que o poder de compra dos portugueses, em termos de média da União
Europeia, melhorou, entre 2012 e 2013, três pontos percentuais. Julgo, pois, Sr.ª Presidente — e com isto
concluo —, que no ano em que concluímos o nosso Programa de Assistência Económica e Financeira e em
que passámos por momentos tão importantes e decisivos, para não dizer dramáticos, da nossa vida coletiva,
que quer estas perspetivas e estes desafios para os próximos anos quer o resultado, que podemos hoje
sinalizar, do trabalho que realizámos nestes três anos oferecem, seguramente, neste final de ano, uma
perspetiva bem mais positiva e esperançosa a todos os portugueses.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, em primeiro lugar, tem a palavra o Sr. Deputado Ferro
Rodrigues.
O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e
Srs. Deputados, este não é, certamente, um duelo ao pôr-do-sol, visto que é de manhã, está encoberto e, por
outro lado, o que é fundamental é que haja um debate esclarecedor aqui, na Assembleia da República.
Devo dizer que o registo em que o Sr. Primeiro-Ministro continua a intervir é um registo de negação, de
irrealismo e de alguma efabulação. E vou tentar explicar porquê.
É um registo de negação, porque o País que o senhor apresenta não é o País que os portugueses e as
portuguesas conhecem.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — Os portugueses e as portuguesas conhecem um País que ainda vive
mergulhado em extremas dificuldades, com grandes problemas sociais, com grandes problemas económicos e
financeiros, e não é esse o País que o senhor apresenta. Falou-nos de crescimento sustentável, mas o que se
vê, mesmo nas vossas próprias projeções, é muito mais parecido com estagnação do que com crescimento.
Por outro lado, quanto ao PIB per capita, que o senhor agora referiu que aumentou em 2013, convém não
esquecer a parte do per capita, porque a população diminuiu fortemente de 2012 para 2013, o que também
teve um contributo, para além da revisão do sistema de contas.
O irrealismo é muito grande. Aliás, o Orçamento, aprovado aqui há pouco tempo, foi classificado como
irrealista por essas instituições todas que o Sr. Primeiro-Ministro referiu.
Sobre o emprego, convém não esquecer que, ainda ontem, o Banco de Portugal veio dar uma machadada
no chamado «milagre do emprego» de que o Governo tanto se ufanava. Logo no primeiro momento dissemos
que uma parte do emprego era emprego público e outra parte era emprego privado, mas à custa de estágios,
que são a forma mais dura de precariedade que existe neste momento — as pessoas fazem os estágios
durante um ano e depois saem e vêm outras pessoas. É apenas uma questão de estatística.
Aplausos do PS.