13 DE DEZEMBRO DE 2014
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Por fim, mostro-lhe um gráfico sobre o complemento solidário para idosos, em que é possível ver que havia
235 000 beneficiários e que agora são 172 000. Trata-se de «mexilhão» ou trata-se de «lagosta», Sr. Primeiro-
Ministro?
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Ferro Rodrigues, disse que a minha intervenção
mantém um registo de negação, de irrealismo e de efabulação. Sr. Deputado, sendo a opinião livre, como é
evidente, e cada um tendo o direito de caracterizar as intervenções dos outros como entende, creio que, no
entanto, se afastou um tanto da realidade.
Por essa razão, queria responder-lhe dizendo o seguinte: em primeiro lugar, não é verdade que a nossa
economia esteja em estagnação ou que esteja em perspetivas de estagnação. Sr. Deputado, desafio-o a
mostrar qualquer conclusão, seja do Banco de Portugal, seja da OCDE, seja da Comissão Europeia, seja de
que instituição o Sr. Deputado queira mencionar à sua escolha, que aponte para a estagnação da economia
portuguesa.
A economia portuguesa está num crescimento moderado e esse crescimento aumentará — é a perspetiva
de toda a gente — no próximo ano.
Sr. Deputado, dizer, portanto, que estou em negação é a mesma coisa que querer negar as evidências
mostradas, seja pelo Banco de Portugal, seja pelo Instituto Nacional de Estatística, seja por qualquer outro
organismo internacional que esteja a contabilizar o que se passa em Portugal ou a fazer projeções sobre o
futuro.
O Sr. Deputado disse também que temos um enorme irrealismo e que não só a Comissão Europeia deu um
prognóstico muito concreto desse irrealismo do nosso Orçamento, como o Banco de Portugal deu uma
machadada sobre as questões do emprego. Vou procurar dizer ao Sr. Deputado que nenhuma destas coisas
aconteceu.
Em primeiro lugar, deixe-me recordar-lhe que foi o Partido Socialista quer, entre outros, há um ano, disse
rigorosamente que Portugal caminharia inevitavelmente para um segundo resgate e que o Orçamento
aprovado para o ano de 2014 era inexequível. Deixe-me recordar isso ao Sr. Deputado.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Exatamente!
Protestos do PS.
O Sr. Primeiro-Ministro: — O Sr. Deputado Ferro Rodrigues recordar-se-á, com certeza — não deve ser
difícil verificar isso nas notícias da época —, que era considerado quase inevitável um segundo resgaste para
o País e que o Orçamento que o Governo tinha feito aprovar nesta Câmara para 2014 era inexequível,
impossível de concretizar.
Repare o Sr. Deputado que a conclusão foi oposta nos dois casos, pois concluímos o nosso Programa de
Assistência Económica e Financeira sem precisar sequer de um programa cautelar e estamos à beira de
concluir o Orçamento que aprovámos para 2014, calcule o Sr. Deputado praticamente atingindo o mesmo nível
de crescimento que então se previa e conseguindo manter o défice dentro dos nossos propósitos.
Sr. Deputado, creio que, em matéria de facto — não levará a mal que diga isto —, abona muito mais as
projeções que fizemos no passado e que estão a ser cumpridas do que as que foram vaticinadas pelo Partido
Socialista e que falharam.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Deputado referiu a machadada que o Banco de Portugal deu na versão do emprego, mas eu
discordo, porque, num dos estudos que consta do Boletim de Inverno do Banco de Portugal aponta-se para