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13 DE DEZEMBRO DE 2014

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tenhamos diferenças de análise. E 2015 vai ser, necessariamente, um ano de avaliação dos resultados deste

Governo e um ano de confronto das alternativas.

Este debate democrático é saudável e nada obriga a que quem tenha diferenças ponha de lado essas

diferenças; pelo contrário, é a possibilidade de escolha entre propostas diferentes que vai mobilizar os

eleitores e recomeçar a conciliar os portugueses com a democracia.

Mas confronto político não se confunde com narrativas populistas nem, muito menos, com políticas de

«vale tudo». Como já tive ocasião de dizer, Sr. Primeiro-Ministro, os portugueses sabem bem que as políticas

de «vale tudo», na verdade, não valem nada politicamente.

Aplausos do PS.

A Sr.ª Presidente: — Como o Sr. Primeiro-Ministro já não dispõe de tempo para responder ao Sr.

Deputado Ferro Rodrigues, passo a palavra ao Sr. Deputado Jerónimo de Sousa para efetuar as suas

perguntas.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, estava a ouvi-lo a exercitar a

propaganda sobre a taxa de retenção de 70% dos estágios.

Ora, há mais de um mês solicitámos ao Governo esclarecimentos concretos sobre a listagem das

empresas que procederam à contratação em termos de jovens trabalhadores, solicitámos os dados

discricionários por distrito e por setor de atividade. E sabe qual foi a resposta do Governo, Sr. Primeiro-

Ministro? Nenhuma! Mas isso não o impede de vir aqui fazer propaganda, não respondendo às perguntas do

PCP, que é um direito constitucional e regimental que temos. Nesse sentido, é mera propaganda aquilo que

disse enquanto não responder às nossas perguntas.

Aplausos do PCP.

Sr. Primeiro-Ministro, volto a insistir no debate interessantíssimo sobre a teoria do «quem se lixou não foi o

mexilhão, foi quem tinha mais» — essa foi uma expressão que usou. Mas, apesar da intervenção o Sr.

Deputado Ferro Rodrigues, o Sr. Primeiro-Ministro não respondeu.

Sr. Primeiro-Ministro, creio que essa afirmação demonstra precisamente insensibilidade social e ofende os

milhares de portugueses que sofreram duramente os resultados desta política. Falamos do aumento do

desemprego nestes três anos do seu Governo e daqueles que viram as suas pensões, os seus salários ou

cortados ou congelados.

Verificamos que, em termos estatísticos, hoje, com o seu Governo, existem mais 600 000 pobres. Então,

explique lá essa teoria do «quem se lixou não foi o mexilhão». Do seu ponto de vista, quem era pobre pobre

ficou e quem se lixou foram aqueles que, não sendo pobres, passaram a ser. É destes que fala, Sr. Primeiro-

Ministro? Daqueles que caíram no desemprego? Daqueles que perderam o apoio social? Daqueles que

tiveram que empenhar a casa? Daqueles que viram os salários penhorados devido às dificuldades? É destes

que fala, Sr. Primeiro-Ministro?

Não seja insensível, Sr. Primeiro-Ministro! Eu percebo que faça propaganda, porque uma propaganda

ajuda sempre uma causa, mas não minta assim nem tenha essa insensibilidade por quem hoje está a sofrer

devido a esta política do seu Governo.

Nestes debates, temos, muitas vezes, confrontado a nossa palavra uma contra a outra, mas, Sr. Primeiro-

Ministro, dizer que a sua política não agravou as desigualdades… Ó Sr. Primeiro-Ministro, porque gosta de

recorrer a instituições, que, enfim, são insuspeitas do seu ponto de vista, quero dizer-lhe que a OCDE veio

revelar — já o sabíamos — que, afinal, o fosso entre ricos e pobres está agora ao pior nível dos últimos 30

anos! Não sou eu quem o diz, não é o PCP que o afirma, é a OCDE! Ou seja, hoje os mais ricos ganham 10

vezes mais que os mais pobres.

O Sr. David Costa (PCP): — Exatamente!