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I SÉRIE — NÚMERO 30

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O Sr. Primeiro-Ministro: — Pode o Sr. Deputado achar que era melhor que crescêssemos a 2,5% ou a 3%

e eu concordo, mas Portugal já cresceu a 2,5% e a 3% e teve de pedir um resgate a seguir. A razão por que é

importante saber como se cresce é a de que isso pode fazer a diferença para milhões de portugueses.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

Portanto, Sr. Deputado, sim, a perspetiva é de crescer, mas é a de crescer moderadamente, sem dívida e a

criar emprego, e esse é o aspeto mais importante. Porque nunca ninguém ocultou que, como aconteceu na

Irlanda ou mesmo na Grécia, houve muita gente que passou sérias dificuldades e muita gente que teve de

abandonar o país. Nunca se negou isso, Sr. Deputado! Mas o que não pode ser negado é que o emprego tem

aumentado no nosso País e o Sr. Deputado — pelos vistos, essa não é uma estratégia populista a par de

outras que têm vindo a ser feitas por outros partidos da oposição — continua a não querer reconhecer o

aumento do emprego. E quando o aumento do emprego acontece, seja por que razão for, o Sr. Deputado acha

que é criticável e que é um mau sinal. Ora, eu acho que a recuperação do emprego nunca é um mau sinal em

lado nenhum; é sempre um bom sinal, sobretudo quando estamos a oferecer aos portugueses melhores

possibilidades de empregabilidade, e de empregabilidade sustentável.

Depois, diz o Sr. Deputado que o nosso discurso contra os poderosos é um discurso contra a PT e contra o

Banco Espírito Santo, que eram empresas muito importantes em Portugal. Sr. Deputado, eu não tenho nada

contra a PT, nem tenho nada contra o Banco Espírito Santo! O Sr. Deputado nunca me ouviu dizer tal.

Mas há uma coisa de que discordo do Sr. Deputado: é que, em primeiro lugar, nós tivemos, durante muitos

anos, uma economia muito protegida. Isso é verdade, Sr. Deputado! E numa economia muito protegida é típico

que os privilégios estejam concentrados em meia dúzia e não na generalidade das pessoas. Assim, quanto

mais competitiva e aberta é uma sociedade mais oportunidades estão ao alcance de todos e não apenas de

uma parte.

Ora, justamente, Sr. Deputado, o que nós estamos a construir hoje é uma economia muito mais aberta,

muito mais dinâmica, muito menos concentrada naquilo que é a proteção oferecida pelo Estado a algumas

empresas e, nessa medida, sim, Sr. Deputado, nós mostramos uma diferença.

Discordo, Sr. Deputado, de que os problemas da PT estejam relacionados com a perda da golden share;

pelo contrário, Sr. Deputado, o Estado, sempre que interveio na PT, interveio mal. No entanto, concordo

consigo em que o grande mal que aconteceu depois teve a ver com a forma como a PT foi gerida. Mas isso,

Sr. Deputado, deveria convidar também o Partido Socialista a uma reflexão importante que, espero, não seja a

mesma conclusão do Partido Comunista ou de outros partidos de esquerda, que entendem que o melhor era o

Estado regressar a uma posição de privilégio dentro da PT.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Quem gere mal não é o Estado, são os senhores!

A Sr.ª Presidente: — O Sr. Deputado Ferro Rodrigues ainda dispõe de tempo, pelo que tem de novo a

palavra.

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, todo o argumentário que tem

utilizado para a privatização praticamente total da TAP é o de que é necessária a recapitalização e que a

recapitalização não pode ser pública.

Ora, ainda ontem ouvimos uma comissária europeia, da recém-formada Comissão Europeia, dizer

exatamente o contrário, ou seja, que podia ser delicada e difícil, mas que não era completamente impossível e

que, portanto, o Governo português teria — agora penso eu — a obrigação de levar até ao limite essa tentativa

para que a TAP não venha a cair em mãos estrangeiras, porque isso será extremamente mau para o País,

para a sua internacionalização e para o seu papel no mundo. Esta é uma questão de soberania, não é uma

questão empresarial, Sr. Primeiro-Ministro.

Em segundo lugar, relativamente ao que o Sr. Primeiro-Ministro disse sobre o facto de haver diferenças de

análise, também me parece importante dizer que, certamente, temos diferenças de análise, mas é bom que