18 DE DEZEMBRO DE 2014
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facto, nestes últimos anos, o Estado cortou financiamento ao ensino privado. Não posso deixar de lembrar que
existem contratos de associação em Portugal há 30 anos e, de facto, aquilo que os dados mostram é que, em
todos os orçamentos desta coligação, o apoio ao ensino particular e cooperativo diminuiu em quase 40%.
Portanto, é bom recordar que o apoio ao ensino particular também diminuiu, e mais do que o apoio ao ensino
público em termos percentuais — é importante referi-lo aqui.
Também é importante referir que defender a escola pública é dar condições de trabalho aos alunos, aos
professores e aos funcionários. Portanto, devemos lembrar que, finalmente, a Parque Escolar está a trocar os
luxos de algumas escolas que estavam contratados por condições ajustadas, suficientes e de qualidade, que
não ficam apenas em algumas escolas nem a cargo de alguns empreiteiros.
Isso, sim, Sr. Deputado Acácio Pinto, é que é combater desvarios. Isso, sim, é que é combater o
desperdício de que aqui falava. Isso, sim, é que é gerir com qualidade e com responsabilidade os dinheiros
públicos. A derrapagem da Parque Escolar foi de 329% em relação ao que foi orçamentado inicialmente, em
que as escolas custavam, em média, à partida, 2,82 milhões de euros e acabaram a custar, em média, quase
12 milhões de euros. Isto é que é desperdício. Isto é que é não defender a escola pública! Isto é que é
desperdiçar dinheiro, mas depois vêm queixar-se de que há alunos que têm aulas em contentores! Isto é que é
desvario! Isto é que é irresponsabilidade!
Da nossa parte, não há preconceito contra a escola privada nem contra a escola pública, porque a escola
pública é aquela a que todos têm acesso gratuito e, felizmente, o contrato de associação permite que os
estudantes, independentemente de serem mais ou menos carenciados, tenham o mesmo nível de acesso às
escolas.
Não é verdade que o Governo não tenha cortado nas escolas privadas. O Governo cortou percentualmente
ainda mais do que nas escolas públicas.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe). — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Em nome de Os Verdes,
começo por saudar os peticionários, a FENPROF, que através de algumas das suas direções distritais trazem
à Assembleia da República um problema muito real e comum a várias zonas do País: Viseu, Castelo Branco,
Leiria, Coimbra e Faro. Falo de realidades distritais.
Tal tem a ver com o facto de se estar a assistir a uma profunda degradação da escola pública, ao mesmo
tempo que assistimos ao favorecimentos das escolas privadas e julgo que esta é uma questão que a
Assembleia da República deve ter em conta.
Sr.as
e Srs. Deputados, a fragilização, a degradação da escola pública é uma constante com o Governo
PSD/CDS. De resto, como bem repararam, o Sr. Deputado Duarte Marques acabou de o afirmar mesmo na
frase final da sua intervenção.
Gostava que o Sr. Deputado tivesse dito quanto é que o Governo cortou na escola pública ao nível do
investimento e do financiamento para que aqueles que nos estão a ouvir tivessem bem consciência da
gravidade da situação ao nível do desinvestimento num setor fundamental do Estado. Isto para não falar da
obsessão deste Governo e da maioria com o despedimento de professores.
Vem aí uma nova prova de avaliação de conhecimento e capacidades (PACC), uma parte da estratégia
para se descartarem professores da escola pública que são necessários aos nossos estudantes.
Depois, como é que compensam aquela que é uma necessidade, mas que o Governo retira às escolas?
Por exemplo, aumentando imensamente o número de alunos por turma, criando, portanto, maiores
dificuldades de aprendizagem nas nossas salas de aulas. Isto para não falar do encerramento de escolas
públicas, o que acaba por se afastar das necessidades das nossas crianças, dos nossos jovens e das nossas
famílias, quantas vezes sem a garantia do transporte necessário para a deslocação dessas crianças para
escolas ainda mais longínquas e quantas vezes com menores condições do que aquelas que são encerradas,
algumas delas tendo sido alvo de investimentos públicos brutais. Aqui se vê bem, Sr.as
e Srs. Deputados, o
que é que significa, de facto, desperdício de dinheiros públicos!