18 DE DEZEMBRO DE 2014
39
resolução n.os
1181/XII (4.ª) — Por uma escola pública que cubra as necessidades de toda a população (PCP)
e 1186/XII (4.ª) — Racionalização dos contratos de associação na rede escolar, garantindo a utilização da
capacidade instalada nas escolas públicas (BE).
Para intervir sobre estas petições e, simultaneamente, apresentar o projeto de resolução do PCP, tem a
palavra a Sr.ª Deputada Diana Ferreira.
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Em nome do PCP, gostaríamos de
saudar a FENPROF, aqui presente, pela dinamização destas petições em defesa da escola pública nos
distritos de Viseu, Leiria, Coimbra, Castelo Branco e Faro.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: É responsabilidade do Estado, conforme consagra a Constituição da
República, a criação de uma rede de estabelecimentos públicos — repito, públicos — de ensino, que cubra as
necessidades de toda — repito, de toda — a população.
Desrespeitando a Constituição e fugindo ao cumprimento da Lei de Bases do Sistema Educativo,
sucessivos governos, do PS, do PSD e do CDS, e, com particular gravidade, o atual Governo, têm traçado um
caminho de desmantelamento da escola pública, evidente no encerramento de, por exemplo, mais de 6500
escolas do 1.º ciclo do ensino básico, desde 2002, e na imposição de mega-agrupamentos.
Os partidos da política de direita que se têm alternado no governo estão ligados pelas mesmas opções
políticas de favorecimento à escola privada, permitindo e incentivando que, progressivamente, esta se
substitua à escola pública — quando, por exemplo, se implementam e perpetuam contratos de associação,
sem criar a necessária e justa solução pública que responda às famílias, ou quando permitem a abertura de
turmas em escolas privadas, não as autorizando nas escolas públicas.
O Sr. DavidCosta (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Torna-se a educação num negócio, permitindo que os privados arrecadem
lucros à custa daquele que é um direito constitucional.
Defendendo como prioridade inequívoca o aumento do investimento público através do reforço das
condições materiais e humanas das escolas públicas, assim como o alargamento da rede pública de
estabelecimentos de ensino, o PCP apresenta as seguintes propostas: que se resolvam, a partir do próximo
ano letivo, todos os contratos de associação com escolas do ensino particular e cooperativo, sempre que na
mesma área pedagógica exista estabelecimento público de ensino com capacidade de resposta para a
população estudantil; que se concretize, durante o próximo ano, um plano de investimento em
estabelecimentos públicos de ensino pré-escolar, básico e secundário, no sentido de gradualmente reduzir e
extinguir os existentes contratos simples de apoio à família e os contratos de desenvolvimento de apoio à
família; que se aloquem os meios adequados, humanos e materiais, para melhoria da qualidade do ensino,
valorizando, deste modo, a escola pública.
Só assim se defende a escola pública gratuita, de qualidade e inclusiva, ao serviço do desenvolvimento
económico e do progresso social do País.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para intervir sobre as petições e também para apresentar o projeto de
resolução do Bloco de Esquerda, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Fazenda.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Quero saudar a FENPROF, os
sindicatos da FENPROF e as direções distritais de Viseu, Castelo Branco, Leiria, Faro e Coimbra, que
subscreveram estas petições, hoje aqui, em boa hora, em debate.
A questão que se coloca é a do financiamento público do ensino privado quando ele deixa de ser supletivo.
Toda a lógica anterior era de complementaridade em relação à rede pública de educação, em que, quando a
rede pública não podia prover a essa oferta, havia uma contratualização com o setor privado com
financiamento público.