I SÉRIE — NÚMERO 35
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O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Mas o Sr. Ministro veio dizer que está muito estupefacto com o facto de as
empresas de trabalho temporário não estarem a cumprir com as obrigações, não estarem a cumprir com os
profissionais com os quais tinham de ter contrato.
Sr. Ministro, não pode alegar que desconhecia esta situação. O Grupo Parlamentar do Partido Comunista
Português endereçou-lhe várias perguntas relativamente aos casos dos hospitais da Póvoa do Varzim e de
Barcelos e do centro de saúde de Estremoz, em que dávamos exemplos concretos do incumprimento, por
parte destas empresas de trabalho temporário, das obrigações e dos contratos.
O Sr. Ministro e o Governo vieram resolver esta situação, criando um plano de emergência, um plano de
contingência, com o alargamento dos horários de funcionamento dos cuidados de saúde primários.
Sr. Ministro, aquilo que lhe pergunto é o seguinte: que explicações — é importante que o Sr. Ministro aqui
as dê — tem o Governo para nos dar relativamente a esta orientação conhecida da Administração Regional de
Saúde do Norte, que vai levar ao encerramento de 30 USF (unidades de saúde familiar) que têm horário de
funcionamento alargado, à noite e aos fins-de-semana.
Vozes do PCP: — Exatamente!
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr. Ministro, são estas as questões que o PCP gostaria de lhe colocar. Esta é
uma situação cuja responsabilidade só compete ao Governo e ao seu Ministro da Saúde.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, em nome de Os Verdes, tem a palavra o Sr. Deputado José
Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Começo por saudar o Partido Socialista por ter agendado, para
discussão, a matéria das urgências hospitalares, não só pela oportunidade do assunto mas, igualmente, pela
gravidade do problema e pelas consequências que está a ter para os portugueses.
Ao contrário do que diz o Governo, designadamente o Sr. Secretário de Estado Adjunto do Ministro da
Saúde, o caos que se vive nas urgências hospitalares nada tem a ver com o aumento da procura. Os Srs.
Membros do Governo sabem melhor que ninguém que o número de casos atendidos nas últimas semanas ao
nível das urgências hospitalares corresponde aos números verificados há um ano e, em alguns casos, até,
com valores mais baixos do que os registados no ano passado.
Portanto, não é verdade que a vergonha que o País está a viver em termos de urgências hospitalares se
deva ao aumento da procura. Não, as causas da situação a que as urgências hospitalares chegaram são
outras e bem diferentes, desde logo devem-se à permanência deste Governo no comando dos destinos do
País. Essa, sim, é a principal causa para o caos instalado nas urgências hospitalares e, de uma forma geral,
para o estado em que se encontra o setor da saúde e, sobretudo, para a situação dos portugueses
relativamente ao acesso aos cuidados de saúde.
Em bom rigor, Sr. Ministro, os resultados não surpreendem, porque um Governo que limita a sua política de
saúde a cortes cegos numa área tão sensível como é a da saúde e ao encerramento de serviços de saúde
mais cedo ou mais tarde haveria de não conseguir esconder os resultados dessa política, mais cedo ou mais
tarde os resultados dessa política teriam de vir ao de cima. E eles, de facto, aí estão: caos nas urgências;
cirurgias adiadas, por falta de médicos e de camas; enfermarias sobrelotadas; doentes à espera 22 horas para
serem atendidos; congestionamento de serviços; pacientes amontoados nas urgências, por falta de camas,
para serem internados; tempos de espera absolutamente inqualificáveis e inaceitáveis; ambulâncias dos
bombeiros retidas nas urgências, por falta de camas; e até doentes que morrem enquanto esperam para ser
vistos. Sr. Ministro, a isto chama-se «bater no fundo»!
De facto, batemos no fundo, não por causa do aumento da procura mas, sim, porque o Governo continua a
desinvestir no Serviço Nacional de Saúde; a impor limitações aos hospitais para que eles possam contratar