15 DE JANEIRO DE 2015
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Andaram estes quatro anos de braço dado com os ideias do liberalismo económico mais selvagem,
vendendo património ao desbarato, despedindo e pseudoqualificando. E fizeram-no quase sempre da maneira
mais cruel, levando a que fossem os mais desfavorecidos a pagar a fatura.
Deixaram o País mais pobre e mais desigual. Este é, na minha opinião, infelizmente, um facto indiscutível,
uma vergonha.
Continuam a insistir no passado e no estado das coisas em 2011, mas estamos em 2015.
E agora, meus senhores, estamos a falar de quê?
Sr.ª Presidente, entrámos num ano em que será dada a palavra aos portugueses para avaliarem o Governo
e fazerem as suas escolhas, para fazerem uma avaliação de um mandato de 2011 a 2015 e não sobre o
passado mais ou menos longínquo. Essa avaliação será feita, e bem, na altura certa, isto é, no final do
mandato legislativo.
O Governo e a maioria que o ampara sabem que não podem fugir a este julgamento popular. Atrevo-me a
dizer até que sabem muito bem qual vai ser o juízo dos portugueses: derrotar a política de direita, derrotar a
coligação PSD/CDS.
O PS, por seu lado, como tem dito reiteradamente o seu líder, o meu camarada António Costa, prepara-se
séria e ativamente para assumir as responsabilidades que os portugueses lhe venham a dar.
Disputaremos, nas próximas eleições legislativas, uma desejável maioria para governar Portugal, uma
maioria absoluta e inclusiva, que rejeita o conceito democraticamente abstruso, como tantas vezes António
Costa tem sublinhado, do chamado «arco da governação».
Aplausos do PS.
Disputaremos, com determinação, uma maioria para servir portugueses e Portugal, fiéis aos nossos valores
de democratas e socialistas.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos ao Sr. Deputado João Soares, os Srs.
Deputados Carlos Alberto Gonçalves, do PSD, Carla Cruz, do PCP, Cecília Honório, do BE, e Telmo Correia,
do CDS-PP.
Entretanto, o Sr. Deputado João Soares informou a Mesa que pretende responder conjuntamente.
Em primeiro lugar, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Alberto Gonçalves.
O Sr. Carlos Alberto Gonçalves (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado João Soares, trouxe a esta
Câmara, outra vez, a questão dos atentados bárbaros ocorridos em Paris.
No passado domingo, tive o privilégio de, em nome do meu Grupo Parlamentar, estar presente numa
manifestação em que estive acompanhado por outros membros deste Parlamento, também eles
representando os seus grupos parlamentares, pelo Primeiro-Ministro de Portugal, pela Sr.ª Presidente da
Assembleia da República e, sobretudo, pela enorme comunidade que reside em França.
Vi em Paris o nosso povo, através das suas comunidades e das suas instituições, ser solidário com a
França, com as suas instituições e com o seu o povo numa forma clara de repúdio de atentados inacreditáveis
e que temos de censurar.
Foi um momento forte e de emoção — e eu já participei noutras manifestações em Paris —, de muita
emoção, mas foi também um momento de união de toda a França, da qual comungam também os franco-
portugueses, e um momento de união de muitos líderes políticos europeus e mundiais. Foi um momento único
da História recente do mundo em que vivemos.
Contudo, meus amigos, passada a emoção, passado o momento de união, é preciso mais do que discursos
inflamados. Mais do que lembrar o que aconteceu, é preciso ter medidas de ação. É preciso, com ponderação
e em concertação com os nossos parceiros a nível mundial, tentar encontrar formas, através de várias
medidas que possamos tomar em comum, para impedir que atos bárbaros como estes nos impeçam de viver
regulamente. Eu próprio tenho filhos a viver em Paris e fico preocupado, todos os dias, quando eles apanham
o metro ou vão para a escola.