I SÉRIE — NÚMERO 37
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Fico algo admirado — mas também é importante que essa referência seja feita — que o Partido Socialista,
através do Sr. Deputado João Soares, associe estes atentados à questão económica.
Sr. Deputado, todos estivemos ligados à comunicação social francesa! Aconselho-vos a continuarem a
seguir a comunicação social francesa, a britânica e a americana para verificarem a imagem que o País
retomou no plano internacional. Em todos os órgãos de comunicação social da área económica de França são
publicados, todas as semanas, artigos sobre Portugal, em particular sobre o que se passou ontem, com o
nosso regresso aos mercados e com uma emissão de dívida entre 10 e 30 anos. Vejam a comunicação social
no seu todo, não mudem de canal e assistam às notícias económicas!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Sr. Deputado João Soares, perguntou aqui o que é que o Governo fez. O Governo fez algo de
extraordinário quando o associamos à política externa, e muito particularmente a França. Em junho de 2011,
as manchetes dos jornais franceses envergonhavam o nosso País, envergonhavam os nossos emigrantes.
Estávamos à beira da bancarrota e nosso País fazia as primeiras páginas pelas piores razões.
Hoje, os mesmos portugueses abrem os jornais e sentem que o País é credível. E não é por acaso que, em
França, se fala da vinda de muitos franceses para Portugal, porque este é um país seguro, é um país credível
é um país com futuro. Muitos dos que estão nesta Câmara e, particularmente, o Governo contribuíram para
isso, com o apoio de todos os portugueses, dos que estão cá e dos que estão lá, sobretudo daqueles que se
manifestaram.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Carla Cruz, do PCP.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado João Soares, trouxe a esta Câmara uma
questão que é, de facto, importante e que o PCP na devida altura condenou, e continua a condenar: o ataque
bárbaro que aconteceu em Paris. Mas o Sr. Deputado, depois, referiu-se à situação nacional, fazendo uma
avaliação, um diagnóstico.
É verdade que o Governo já encetou o momento das eleições legislativas e de propaganda, querendo
esquecer estes negros anos de governação, o desemprego, a precariedade, a exploração e o crescimento da
dívida. O Sr. Deputado fez, da tribuna, esse bom diagnóstico, mas não ouvimos da parte do Partido Socialista
nenhuma solução para o País.
O Sr. Deputado referiu que é necessário fazer uma rotura com a política de direita. A rotura com a política
de direita, para o PCP, passa invariavelmente pelo fim desta política de exploração, pelo fim da política de
empobrecimento. Mas passa também, como temos dito desde abril de 2011, pela renegociação da dívida, pelo
rompimento com o tratado orçamental e com todos os constrangimentos que o mesmo impõe para o
crescimento e o desenvolvimento do nosso País. Não vimos da parte do Partido Socialista, pela voz do Sr.
Deputado João Soares, nenhuma solução para o País, nenhum posicionamento sobre isso.
Sr. Deputado, gostaria de lhe colocar algumas questões, sobre as quais seria importante haver um cabal
esclarecimento por parte do Partido Socialista. Qual é o posicionamento do Partido Socialista sobre o tratado
orçamental? O Partido Socialista acompanha o PCP quando diz que é preciso romper com o tratado
orçamental e com os constrangimentos que ele coloca ao País? Acompanha o Partido Socialista a
necessidade de renegociação da dívida nos aspetos que referimos — nos prazos, nos montantes e nos
valores?
Sr. Deputado, é importante que o Partido Socialista, de uma vez por todas, clarifique esta situação, porque
não pode dizer que é preciso romper com a política de direita e continuar a subscrevê-la, continuar a
compactuar com o PSD e o CDS em medidas tão importantes que têm levado o País, ao longo dos últimos 38
anos, para o afundamento e o empobrecimento.
Aplausos do PCP.