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29 DE JANEIRO DE 2015

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Nós levámos tempo e demonstrámos que é possível crescer, criar postos de trabalho, ser diferente e

melhorar a condição de um povo. O Syriza apenas, e só, tem um dia…

Sr.ª Deputada, como mulher, gostaria de ouvir a sua opinião sobre algo que já aqui foi referido hoje: qual é

a posição do Bloco de Esquerda, sendo tão defensor do papel das mulheres, perante o facto de as mulheres

não terem uma posição definida, definitiva e determinante dentro do Governo grego?

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Já explicamos!

O Sr. António Rodrigues (PSD): — Pergunto-lhe ainda, porque também é importante que o saibamos,

como é que vai ser conciliada uma ideologia de extrema-esquerda como a que o Syriza defende com a

ideologia do seu parceiro de coligação, que é de extrema-direita.

E como conciliar a posição do Syriza em relação à Rússia? Já hoje o Governo grego se pronunciou

relativamente à Rússia contrariando uma posição geral da União Europeia. O que é que isto significa? Está

com a Rússia? Está com a Ucrânia? Está com a solidariedade? Está com a governação? Ou está com a

realidade?

A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.

O Sr. António Rodrigues (PSD): — Há ainda uma outra pergunta à qual gostaria de ouvir a sua resposta:

se o espírito de reestruturação de dívida que o Governo grego defende passar por um perdão de dívida, como

é que vai explicar aos portugueses que os 1000 milhões de euros que lá temos — 550 € por português — vão

ser entregues? Se ficarmos a perder esse dinheiro, explique-me o que é que vai dizer aos portugueses.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.

A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado António Rodrigues, agradeço a sua

pergunta.

A vitória do Syriza, realmente, muda muita coisa!… Ver um Deputado de um partido que há quatro anos é

porta-voz de Angela Merkel incomodado porque há um partido que se associa a um partido de um outro país

não deixa de ter a sua piada!…

Deixe-me lembrar-lhe, Sr. Deputado, que em 2009, quando o Syriza teve 4% dos votos, o Bloco de

Esquerda esteve também em Atenas, na Grécia, a fazer campanha ao seu lado.

Vozes do BE: — Muito bem!

A Sr.ª Catarina Martins (BE): — O que conta aqui, o que é determinante, é a convicção e a determinação

sobre a política para sair da crise. É essa convicção, essa determinação, aliás, que explica a coligação que o

Syriza teve de fazer na Grécia, porque, como sabe, não ganhou com maioria absoluta e o partido comunista

grego recusou-se entrar para o governo.

O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Ora!… Estão a ver? O Syrisa não é de confiança!

A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Essa coligação funda-se em princípios essenciais: como é que se

responde às pessoas? Como é que se vai sair da crise? Funda-se, portanto, nessa convicção de que é preciso

ter a coragem de fazer o confronto com a finança para romper com a austeridade, e isso é a capacidade de

compromisso.

Talvez por isso incomode o PSD — que em quatro anos cortou salários que disse que não ia cortar, que

aumentou impostos que disse que não ia aumentar, que fez tudo ao contrário daquilo que prometeu fazer —

que, em dois dias do governo, o Syriza tenha subido o salário mínimo nacional, tenha parado as privatizações

dos portos ou das energias ou tenha assegurado o acesso à eletricidade às famílias mais pobres.