I SÉRIE — NÚMERO 42
34
Se isto não é falhar em toda a linha, diga-me o que é, porque, se não, tenho de acrescentar outras
matérias, como a dos indicadores da pobreza ou da emigração que existe em Portugal, como há muito não
existia.
É por isso, pela realidade europeia e pela realidade nacional, que os senhores estão do lado errado da
História.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Vieira da Silva (PS): — Sr.ª Deputada Cecília Honório, a posição do Partido Socialista é uma posição
de respeito pela visão que temos da União Europeia e de recusa da visão dominante, do pensamento único
que se instaurou já há tempo demais na União Europeia.
Mas, Sr.ª Deputada, nenhuma vitória eleitoral, em nenhum país da União Europeia, anula a legitimidade
eleitoral de outras vitórias. O que é necessário é saber construir espaços de compromisso no seio da União
Europeia.
O Sr. Vitalino Canas (PS): — Muito bem!
O Sr. Vieira da Silva (PS): — Não há vitória eleitoral nenhuma, seja do Syriza, seja de um partido
socialista, seja de outro partido qualquer, que dê legitimidade para impor uma outra política, mas dá
legitimidade para que os dirigentes europeus olhem de forma diferente para aquelas que são as distintas
realidades da União Europeia. E esse olhar de forma diferente passa, de facto, por dar uma atenção particular
ao que custa hoje a dívida pública em Portugal.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Vieira da Silva (PS): — Vou terminar, Sr. Presidente.
É um facto que não somos iguais à Grécia, embora também me custe um pouco perceber a distinção que a
maioria faz da Grécia, quando é sabido que, nos últimos anos, a liderança do Governo grego foi de um partido
que se senta do mesmo lado da bancada do PSD e do CDS no Parlamento Europeu. Mas enfim… Aquilo que
gostava de lhe dizer sobre isto…
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar.
O Sr. Vieira da Silva (PS): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Aquilo que gostava de lhe dizer sobre isso é que uma das coisas que nos distingue da Grécia é que, hoje,
Portugal paga mais juros da dívida pública, em percentagem do PIB, do que todos os outros países, incluindo
a Grécia.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Vai daí…
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José
Ribeiro e Castro.
O Sr. José Ribeiro e Castro (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Vieira da Silva: o Sr. Deputado
começou bem; e, depois, continuou mal. Começou bem, porque justificou o quantitative easing (QE) como é,
ou seja, uma medida que visa responder a um problema novo, que são os riscos de deflação, e é tomada num
tempo oportuno. Se fosse tomada há mais tempo, seria um disparate completo; agora, é uma resposta
oportuna.
O Sr. Vieira da Silva (PS): — Falta provar!…