5 DE FEVEREIRO DE 2015
7
Srs. Deputados, o tempo de que dispõem para fazer perguntas é de 2 minutos. Como o Sr. Deputado Luís
Fazenda, ainda por cima, vai responder uma a uma, o que prolonga mais o debate, pedia que não
ultrapassassem o tempo.
Tem a palavra o Sr. Deputado Luís Fazenda para responder.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr.ª Presidente, ainda por cima, vou responder.
Risos do BE.
Sr.ª Deputada Mónica Ferro, que se saiba, a taxa de desemprego até no último trimestre do ano passado
aumentou. Não tem havido nenhum ciclo linear de aumento da taxa de emprego em Portugal. Por isso, o que
a Sr.ª Deputada disse é absolutamente desmentido pelos números.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Não é verdade o que está a dizer!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Os Srs. Deputados estão desatualizados acerca dos números, por isso façam
favor de se atualizarem.
Em relação aos indicadores de pobreza, e tendo em conta os que são relativos a 2014 — e nós podemos
calculá-los —, vão aumentar. Porquê? Porque diminuiu-se as prestações sociais, desvalorizou-se ainda mais o
fator trabalho e, como tal, não vamos ter melhorias.
Além de mais, o limiar de pobreza a partir do qual é calculado o índice da pobreza pelo INE baixou. Sr.ª
Deputada, não poderia ter acontecido outra coisa, uma vez que o Primeiro-Ministro adotou fielmente o
programa da troica como o seu próprio programa, dizendo que Portugal precisava de empobrecer.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — O Primeiro-Ministro salvou o País!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Não sei qual é a novidade, não sei por que é que o PSD fica tão nervoso, tão
intranquilo quando estes factos são nomeados. É que, na verdade, o Sr. Primeiro-Ministro não disse só «que
se lixem as eleições», também disse que era preciso empobrecermos. Têm os resultados, está à vista a
aplicação do vosso programa.
Portanto, há uma crise social maior, há um maior desnivelamento do ponto de vista económico,
aumentaram as desigualdades no País. Estes são factos absolutamente incontroversos.
Perguntou-me a Sr.ª Deputada pelas nossas alternativas. Bem, nós temos defendido a reestruturação da
dívida, o aumento da procura interna, o aumento do investimento público, a capacidade de crescimento
económico…
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Até o Syriza já abandonou essas medidas!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Enfim, temos proposto um conjunto de medidas. Ouviu falar deste tipo de
medidas? Ouviu! Eu não falei do Syriza, falei do Governo grego, mas o Syriza, de facto, propôs esse tipo de
medidas, que nós já defendemos há anos.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — O Syriza já não propõe essas medidas!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Não sei se é a Sr.ª Deputada Mónica Ferro que está a ouvir a minha resposta
ou se é o Sr. Deputado Hugo Soares, mas, de qualquer forma, distribuo-a democraticamente por toda a
bancada do PSD.
O que está em curso, independentemente do seu desfecho final, é um processo de renegociação da dívida
grega. O que me importa, para além do povo grego, que muito estimo, como qualquer outro povo da União
Europeia, é o que vai resultar do ponto de vista do quadro europeu, das condições do euro, da desigualdade
que o euro tem vindo a promover e como é que nessas circunstâncias as dívidas de outros Estados-membros