I SÉRIE — NÚMERO 45
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vão ser atendidas, tanto as dívidas soberanas como aquelas em relação às quais não se fala, como a dívida
externa geral, incluindo a dívida privada.
Ora bem, isso é o que interessa!
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Nessa circunstância — e concluo, ainda por cima, Sr.ª Presidente —, é
preciso saber qual é a atitude do Governo português. A atitude do Governo português — e em relação a isso a
Sr.ª Deputada Mónica Ferro nem questionou — é a de bloquear este processo europeu. Isso é absolutamente
inaceitável, isso é faltar aos portugueses.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta é do CDS-PP.
Tem a palavra, Sr. Deputado Nuno Magalhães.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Luís Fazenda, na sua declaração
política tocou em dois pontos que são, a nosso ver, a principal fratura social de Portugal e, por isso, devem
constituir as principais prioridades deste ou de qualquer governo: a questão da pobreza e a questão do
desemprego.
Dito isto de uma forma clara, também lhe queria dizer que, por isso mesmo, devemos resistir à tentação de
aproveitamentos políticos e ter uma perspetiva séria do ponto de vista político em relação a estas matérias.
Evidentemente que, quando a taxa de desemprego sobe, preocupa todos, mas, quando desce, deve satisfazer
todos.
Sr. Deputado Luís Fazenda, é evidente que os números da pobreza nos preocupam. Preocupam o Bloco
de Esquerda, como preocupam o CDS e os restantes grupos parlamentares. Não tenho a menor dúvida.
O Sr. Deputado, na sua declaração política, e tendo em conta que o relatório que referiu é atual, falou de
números que não são atuais, são números relativos a 2013.
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Mais do que isso: o Sr. Deputado disse que tudo indica que será
pior. Tudo o quê, Sr. Deputado? É que, em 2014, vimos que houve crescimento económico e vimos a taxa de
desemprego a diminuir. A taxa de desemprego a diminuir, Sr. Deputado! Lamento informar o Bloco de
Esquerda, mas a taxa de desemprego diminuiu.
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Em Portugal!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Nos últimos 12 meses, Portugal foi o país da Europa que registou
uma maior descida da taxa de desemprego — 2,4 pontos percentuais.
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Bem lembrado!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Mentira!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — A taxa de desemprego na Irlanda, que é tantas vezes apontada
como exemplo, apenas desceu 1,7. O Sr. Deputado fica satisfeito com isso? É que eu chego a duvidar que
fica! O Sr. Deputado está maçado pelo facto de Portugal, por força, infelizmente, do programa dificílimo que
tivemos, já ter estado nos 17,7% e hoje estar nos 13,5%. É alto? É, com certeza. Temos de trabalhar para
baixar? Com certeza. Vale ou não vale a pena salientar isto?
O Sr. Deputado falou da TAP dizendo que a ajuda europeia é uma solução miraculosa. Mais uma vez, o Sr.
Deputado, por uma questão de honestidade intelectual e política, que sei que a tem, devia contar como é que