21 DE FEVEREIRO DE 2015
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reconhecimento, de solidariedade e de importância para prestar à Grécia o auxílio que era possível e
necessário.
Portanto, não distorça as coisas, Sr.ª Deputada.
Estamos abertos a continuar este caminho. Se o fizemos com um governo socialista, com um governo de
natureza tecnocrática, com um governo de coligação entre um partido mais conservador e um partido
socialista, por que não o faríamos agora com um Governo do Syriza? É o Governo da Grécia! Ó Sr.ª
Deputada, é o Governo da Grécia!
Nós respeitamos, como não pode deixar de ser, os governos de outros países. Isso não significa que os
governos de outros países possam impor-nos unilateralmente as suas decisões.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — São coisas completamente diferentes, Sr.ª Deputada! O que a Sr.ª Deputada
quer é que cada um de nós imponha aos outros as suas soluções apenas porque fomos eleitos. Ó Sr.ª
Deputada, isso não pode acontecer! E isso não é um ataque à Grécia.
Quanto à questão da austeridade, Sr.ª Deputada, terei o maior gosto e pode acreditar que até faço
campanha pela Sr.ª Deputada no dia em que alguém demonstrar que é possível um País que tem dívidas não
as honrar, impondo uma obrigação multilateral de ajuda financeira sem contrapartidas negociais. Não
conheço! Não conheço, Sr.ª Deputada!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — A Alemanha!
A Sr.ª Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, queira concluir.
O Sr. Primeiro-Ministro: — A Sr.ª Deputada tem uma fixação com a Alemanha. Já reparou? Por que é que
está sempre a falar da Alemanha? Estamos em Portugal, Sr.ª Deputada! Não estamos na Alemanha. Ainda
não deu conta disso?
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Deixe lá o papão da Alemanha!
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Deputada, o investimento privado tem estado a recuperar contra o
pessimismo, às vezes mesmo dos empresários. Foi com base nessa consulta aos empresários que foi
publicada, em agosto do ano passado, uma perspetiva menos favorável para o investimento, perspetiva essa
que a realidade veio a mostrar infundada. É assim! O papel das expectativas funciona também dessa maneira,
Sr.ª Deputada.
Quando um indicador é revelado, não significa que vai acontecer, dá-nos indicações. As indicações que
hoje nos dão é que os empresários acham hoje, por várias razões que não vou aqui dissecar, que pode haver,
neste primeiro semestre, menos vigor do investimento.
A Sr.ª Presidente: — Pedia-lhe que concluísse, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Concluirei, Sr.ª Presidente.
Julgo que não há razão para esse pessimismo. E o passado recente tem demonstrado que não há razão
para esse pessimismo. Portanto, Sr.ª Deputada, nós não vivemos num mundo cor-de-rosa, nem num mundo
ideal, mas valorizamos muito cada pequeno resultado significativo que vamos obtendo, desde que ele seja
positivo e nos possa abrir uma perspetiva mais otimista para futuro.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.