I SÉRIE — NÚMERO 53
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A responsabilidade de lhe atribuirmos honras de Panteão Nacional é apenas uma forma de agradecermos
todo o seu esforço, toda a sua dedicação a Portugal e à lusofonia, mas é, sobretudo, a forma que encontrámos
de perpetuar o seu exemplo, o seu fair play, a sua generosidade e, sobretudo, a sua postura no desporto, que
deve servir para inspirar várias outras gerações.
O Panteão Nacional é onde devem estar os mais representativos da nossa História e da nossa cultura —
Eusébio é, seguramente, um deles!
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Duarte Filipe Marques (PSD): — Termino, Sr.ª Presidente, dizendo que Eusébio será, talvez, o
primeiro português não nascido em território nacional que merecerá essa honra.
Este é também um sinal de respeito e de valorização da lusofonia, dos portugueses e dos povos irmãos
que conhecemos por esse mundo fora.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Pelo PS, tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Ramos Preto.
O Sr. Ramos Preto (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O Partido Socialista apoia esta
iniciativa parlamentar, com a qual pretendemos conceder honras de Panteão Nacional aos restos mortais de
Eusébio da Silva Ferreira, homenageando o símbolo nacional, o homem solidário, o atleta genial e o exemplo
de desportista ímpar.
Apreciaremos sempre o genial jogador de futebol, o «genial trangalhadanças», como lhe chamou
Alexandre O'Neil, o futebolista intemporal, o símbolo do futebol mundial.
Apreciaremos sempre este homem que tinha algo dentro de si que não era só o dom de um grande
futebolista, era um dom humano muito especial, que as crianças souberam reconhecer ao chorarem a sua
morte. Como disse um dia Manuel Alegre, que o cantou para a eternidade: «Havia nele a máxima tensão /
Como um clássico ordenava a própria força, / sabia a contenção e era explosão, / (…) / Não era só instinto,
era ciência, / magia e teoria já só prática. / Havia nele a arte e a inteligência / do puro jogo e sua matemática. /
Buscava o golo mais que golo: só palavra. / Abstração. Ponto no espaço. Teorema. / Despido do supérfluo
rematava / e então não era golo: era poema.»
Eusébio foi o maior jogador de sempre, mantendo a genialidade dos verdadeiros grandes. É um daqueles
homens que se foi «da lei da morte libertando» por obra que todos reconhecemos como valorosa e que os
poetas cantaram porque se lhe renderam: renderam-se à sua genialidade; renderam-se à sua humildade;
renderam-se ao seu sentido de solidariedade; renderam-se a uma simplicidade própria dos príncipes da sua
arte.
Ao aprovar esta resolução, evocamos também o seu estatuto de verdadeiro marco na divulgação e na
globalização da imagem e da importância de Portugal no mundo, porque Eusébio da Silva Ferreira tornou-se
uma referência universal, uma referência da lusofonia e uma referência de Portugal.
Aplausos do PSe de Deputados do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Segue-se a intervenção do CDS-PP.
Tem a palavra o Sr. Deputado Telmo Correia.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Em primeiro lugar, queria dizer
que, tendo nós estado associado, desde o início, a esta iniciativa que vamos votar e até tendo nós tomado
uma primeira iniciativa, por assim dizer, muito nos honra e muito nos orgulha que tenha sido possível, no
diálogo que imediatamente se estabeleceu com todos os grupos parlamentares, que esta iniciativa fosse
unânime, de todos, sendo que, sendo de todos, não é, obviamente, apócrifa, porque tem autores, a sua autoria
é assumida. Mas é bom e desejável que esta iniciativa seja comum a todos os grupos parlamentares e que
todos se revejam nesta decisão do Parlamento, Sr.ª Presidente.