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I SÉRIE — NÚMERO 53

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estão mal e aqueles que não seguiram o que o Sr. Deputado defende conseguiram ver-se livres desses

resgates. Alguma coisa, na sua visão, precisa de ser revista, Sr. Deputado.

Concluo, dizendo apenas que, como Primeiro-Ministro, defendo o interesse dos portugueses e não dos

credores. Mas, no dia em que Portugal não honrar os seus compromissos, então os interesses dos

portugueses estarão em causa. Disso o Sr. Deputado pode ter a certeza.

O Sr. João Oliveira (PCP): — E a responsabilidade vai ser sua!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Quanto ao INE, Sr. Deputado, não leve a mal, tem toda a razão, os dados do

INE sobre a pobreza foram divulgados já após o nosso último debate. Em todo o caso, tive ocasião de referir-

me a esses dados publicamente, e quero reafirmar aqui, telegraficamente, que não ignoramos as dificuldades

por que passámos. Não há dúvida nenhuma que passámos por riscos de pobreza muito sérios e 2013 foi

talvez o ano em que esses riscos se tornaram mais evidentes. Mas esses dados, Sr. Deputado, reportam a

uma realidade que já está ultrapassada.

Protestos do PCP e de Os Verdes.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Como é que pode dizer isso?!

A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas não é verdade, Sr. Deputado, que eu diga que está tudo bem, não é

verdade que eu diga que vivemos no melhor dos mundos. O Sr. Deputado pode querer repetir isso muitas

vezes, mas eu nunca disse tal, nunca direi tal, porque ainda temos muitas dificuldades e ainda temos muito

para fazer para as vencer.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção é do Bloco de Esquerda.

Tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.

A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, vai perdoar-me, mas ouvi discursos

e números de tal forma ficcionais neste debate, que, de repente, veio-me à cabeça uma série ficcional de

televisão, veja lá!

Um amigo meu chamou-me a atenção para uma série europeia, em que uma responsável política, falando

da crise europeia, dá um exemplo sobre o que não deve ser feito e que está a ser feito. É uma história popular,

a história de dois homens perseguidos por um leopardo. Um começa a calçar as sapatilhas e o outro pergunta-

lhe: «Mas achas que podes correr mais que o leopardo?». E o homem que calça as sapatilhas responde-lhe:

«Não, basta-me correr mais do que tu».

Esta é a história triste do que tem sido o comportamento do nosso País, no momento que a Europa está a

viver.

E bem pode dizer o CDS que Portugal e a Grécia não são iguais, mas há uma coisa de que temos a

certeza: o que nos separa são os interesses do leopardo. Não é, com certeza, o leopardo que vai defender os

nossos interesses, Sr. Primeiro-Ministro, e, portanto, é bom ver quais são os aliados que escolhe na Europa.

Daqui a duas horas, começa a reunião do Eurogrupo. Temos tido reuniões importantes na Europa e não

tivemos oportunidade de debater qual seria a posição do Governo português nestas reuniões. O Sr. Primeiro-

Ministro já aqui disse hoje que Portugal está, juntamente com 18 governos do Eurogrupo, contra a proposta

que o Governo grego faz, que é uma proposta de, cumprindo os compromissos, ter uma alternativa à

austeridade. Não é bem assim. Sabemos que há governos que já vieram dizer que consideram a proposta do

Governo grego aceitável. Até o Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, afirmou também a

necessidade de ir ao encontro da proposta do Governo grego — naquelas declarações que bem sabemos,

entre o cínico e o hipócrita, sobre a dignidade e a troica, mas enfim.