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I SÉRIE — NÚMERO 53

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Aplausos do PSD e do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente: — O orador seguinte, do PCP, é o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.

Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, este Governo é bem a imagem,

em matéria de otimismo fingidor, daquela personagem de um célebre romance de Voltaire que, tropeçando,

ele e o seu tutelado, com a miséria e com as injustiças, afirmava que tudo corria às mil maravilhas e no melhor

dos mundos possíveis.

Ora, quem conhece a realidade e os dramas de milhões de portugueses, sabe que essa imagem idílica não

corresponde à realidade do nosso País, que precisa de um outro rumo, de uma outra política. Precisa de uma

política que aumente a nossa capacidade produtiva, a nossa produção nacional, o nosso aparelho produtivo,

que apoie as pequenas e médias empresas, que recupere as suas empresas, os seus recursos, que seja

reposto o que foi extorquido ao nosso povo nos seus salários, nos seus rendimentos, nas suas pensões e

reformas.

O País precisa que a saúde, a educação e a proteção social façam parte constitutiva do direito a uma vida

mais digna. O País precisa de mais investimento, mas creio que hoje pucos discutem esta necessidade. A

questão está em aliar essa necessidade à possibilidade dessa nova política, a qual será mais necessária e

possível se, por exemplo, considerarmos a necessidade da renegociação da dívida, que, ao contrário do que

disse o Sr. Primeiro-Ministro, aumentou nestes últimos anos.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Mas o Governo não só recusa essa necessidade, como persiste em

alinhar, secundar e aceitar as orientações da União Europeia, em colisão com o valor supremo do interesse

nacional.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Há quem lhe chame falta de coragem, há quem lhe chame

subserviência por parte deste Governo. Talvez! Mas a questão central é que este Governo procura tratar da

sua própria sobrevivência e da política que executa.

É aqui que se percebe o acinte em relação à Grécia. É porque lá, independentemente do desfecho, estão a

tentar libertar-se das amarras e do jugo dos poderosos e dos mandantes da União Europeia. Este Governo

nunca o fará, nem o tentará, sequer, por opção política.

É nesse sentido que, achando que este Governo não tem cura nem tem tempo, pergunto até onde é que

pretende ir em nome dessa sua sobrevivência política, embora, como disse, sem tempo e sem cura, porque é

um Governo derrotado, que já pertence ao passado.

Aplausos do PCP.

A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, não estou certo de ter

percebido exatamente a sua pergunta. O Sr. Deputado fez várias afirmações e, entre elas, destacou a sua

incompreensão pelo facto de o Governo português não aceitar encetar um processo de renegociação da

dívida, que acha indispensável para permitir o regresso significativo do investimento a Portugal.

Sr. Deputado, não vou comentar outras qualificações, mas devo dizer que acho isto uma contradição nos

seus termos. O Sr. Deputado quer, e eu também quero, o regresso do investimento a Portugal. Ele já está a

crescer, mas, evidentemente, procuramos que esse investimento possa ter um efeito ainda mais significativo.

Nós precisamos que o investimento seja mais forte ainda.