I SÉRIE — NÚMERO 54
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Mas, Sr. Deputado, da sua intervenção ficámos com um problema, que é o de saber qual é, afinal, a
posição do Partido Socialista em relação a questões centrais. A verdade é que nesse Conselho Europeu
estiveram governantes socialistas. Houve alguma diferença de posição desses governantes socialistas,
designadamente do Primeiro-Ministro italiano ou do Presidente francês, relativamente à posição, que o Sr.
Deputado aqui critica, e bem, de outros líderes europeus, designadamente do Governo português? Encontrou
uma diferenciação? Sr. Deputado, se ela existe, não foi visível. No comunicado saído da reunião do Eurogrupo
não foi visível que tivesse havido uma dissociação.
O Sr. Deputado fala aqui da questão da ideia europeia, que veio aqui defender, tendo terminado a sua
intervenção com uma firme afirmação de apoio à ideia europeia. Sr. Deputado, essa ideia europeia é a que
tem presidido aos destinos da União Europeia nos últimos anos? O Sr. Deputado acha que a forma como foi
construída a moeda única está de acordo com a sua ideia europeia? Provavelmente, sim, porque o Tratado da
União Europeia foi subscrito e defendido, intransigentemente, por uma maioria de governantes socialistas e
sociais-democratas. Portanto, é essa a vossa ideia europeia? Era bom que houvesse uma clarificação sobre
isso, Sr. Deputado.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Sr. Deputado António Filipe, terminou o seu tempo.
O Sr. António Filipe (PCP): — Vou terminar, Sr. Presidente.
É que não é minimamente coerente lamentar a forma como as instituições europeias têm conduzido este
processo de integração europeia e, ao mesmo tempo, ir dizer que se defende intransigentemente a União
Europeia com tudo o que ela comporta, Sr. Deputado.
Há aqui uma enorme contradição que os senhores têm de resolver. Gostaria que a sua intervenção
pudesse contribuir para isso.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Sérgio Sousa Pinto.
O Sr. Sérgio Sousa Pinto (PS): — Sr. Presidente, realmente, gostava que as perguntas tivessem sido
feitas de acordo com a sua afinidade em termos materiais e não formais, mas, assim sendo, vou responder ao
Sr. Deputado do PCP António Filipe e ao Sr. Deputado do CDS.
Sr. Deputado António Filipe, a sua pergunta é sempre a mesma: consiste em saber a posição do PS, que,
do seu ponto de vista, não se compreende. Provavelmente vai continuar a não ser possível ser compreendida.
Já a posição do PCP compreende-se perfeitamente. A posição do PCP é uma posição delicada porque,
realmente, para o PCP as questões na Grécia complicaram-se: agora está lá um Syriza, que são uns primos
afastados do Bloco de Esquerda, do outro lado está a Alemanha e os seus vassalos portugueses e espanhóis
e o Sr. Deputado está no meio, sem saber bem o que há de fazer e vai lançando uns ais contra a União
Europeia, contra o euro, contra a injustiça no mundo e contra tudo aquilo de que entretanto se lembra.
O Sr. António Filipe (PCP): — Ah, grande PASOK!…
O Sr. Sérgio Sousa Pinto (PS): — Sr. Deputado, só posso dizer-lhe que o Partido Socialista permanece
europeísta e ainda não está convencido de que a construção de uma Albânia, isolada, numa autarcia
económica, seja uma solução vantajosa ou viável.
Sr. Deputado Telmo Correia, tenho de começar por lhe dizer que me vi grego para encontrar um pouco de
honestidade, de inteligência ou mesmo de elegância na sua pergunta.
Protestos do Deputado do CDS-PP Telmo Correia.
Mas vou dizer-lhe o seguinte: o Sr. Deputado não sabe onde eu estou? Eu estou no Partido Socialista,
onde sempre estive. Mas também sei onde está o Sr. Deputado e onde está o partido do Sr. Deputado: estão