I SÉRIE — NÚMERO 54
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até esquecer, até pela consideração que tenho por si, algumas — muitas! — expressões infelizes que foi
proferindo, tais como «excesso de sacrifícios», «humilhação», «humilhação até nas urgências», «dignidade»,
entre outras… E porque não quero falar sobre isso, não quero aproveitar essa parte da sua declaração, só lhe
digo uma coisa: de facto, muitos e muitos portugueses passaram, nestes últimos anos, por muitos sacrifícios,
por muitas dificuldades, por muitas privações. Mas passaram por tudo isso porque houve um Governo que
conduziu o País à beira da bancarrota.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Os sacrifícios, as provações, as dificuldades e o Partido Socialista são uma e a mesma coisa.
Não quero ir por aí, não quero fazer retórica mas, sim, colocar-lhe perguntas concretas, que é para isso
que serve ou deve servir este tempo.
De facto, como dizia o Dr. Nuno Magalhães, o Sr. Deputado tem de saber onde está, porque, às vezes,
parece um pouco baralhado. A certa altura, até achei que o Sr. Deputado, sem gravata e com a fralda de fora,
dava um Syriza razoável…!
Risos do CDS-PP e do PSD.
Sr. Deputado, o senhor subscreve ou não o comunicado de ontem— vi-o na televisão, com o Dr. António
Costa, a ir a uma reunião qualquer, não sei onde, presumo que se foi encontrar com partidos socialistas — do
PASOK? É que o comunicado do PASOK é claríssimo e inequívoco — posso citar-lhe partes. Fala em
desilusão, fala que o Memorando continua, fala que na Grécia a mudança do nome «troica» para
«instituições» não representa nada. E o PASOK termina dizendo: «Infelizmente, isto é o fim humilhante de um
conjunto de mentiras e ilusões». Isto é o que diz o PASOK! Mas, afinal, de que lado é que o senhor está? Do
lado do Syriza ou do lado do PASOK? O senhor é socialista ou é bloquista?
Vozes do CDS-PP: — Tem dias!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Tem de decidir!
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O senhor subscreve ou não a declaração de hoje do líder do SPD, alemão, que, tanto quanto sei, será o
vosso parceiro na Alemanha? Diz ele perentoriamente: «O Governo grego não pode exportar a fatura para
outros países». É o seu parceiro, é o líder do SPD! É que não dá para fazer de tudo ao mesmo tempo, Sr.
Deputado!
Portanto, é preciso que os senhores clarifiquem a vossa posição.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente Miranda Calha.
O Sr. Presidente: — Agradecia que terminasse, Sr. Deputado.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Termino, Sr. Presidente, fazendo uma pergunta, que acho importante
fazer, ao Sr. Deputado. O Sr. Deputado subscreve ou não esta declaração? O senhor fala em invertebrado,
em indignidade, etc. Subscreve ou não que, como nós dizemos em Portugal, «os amigos são para as
ocasiões»? E, numa ocasião difícil para o País, em que muitos não acreditaram que o País tinha condições
para enfrentar e vencer a crise, a verdade é que os investidores, os chineses vieram, disseram «presente» e
deram um grande contributo para que Portugal pudesse estar hoje na situação em que está, bastante diferente
daquela em que estava há quatro anos. Ou seja, o País está melhor, as taxas de juro estão a 2%, as
exportações crescem a 3% — quem o diz é António Costa!
O senhor subscreve ou não esta afirmação?