5 DE MARÇO DE 2015
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A Sr.ª Presidente: — Vou, agora, dar a palavra à Sr.ª Ministra da Administração Interna para responder.
Creio que a Sr.ª Ministra da Justiça poderá responder posteriormente, quando for questionada por outros
Srs. Deputados.
Sr.ª Ministra da Administração Interna, tem a palavra.
A Sr.ª Ministra da Administração Interna: — Sr.ª Presidente, começo por responder à questão que toca
com a participação das Forças Armadas no combate ao terrorismo.
No âmbito da Estratégia, ficou contemplado o aprofundamento da cooperação entre as forças de
segurança e as Forças Armadas perante eventuais ameaças terroristas que se possam registar. Aliás, essa
cooperação já se desenvolve no âmbito da Lei de Segurança Interna e as Forças Armadas atuam na base de
planos e programas detalhados, tal como está previsto na Estratégia.
Em suma, há um aprofundamento dessa cooperação entre Forças Armadas e forças de segurança, dentro
das competências legais e constitucionais estabelecidas.
Quanto ao estudo a que o Sr. Deputado fez referência e que vai ser tornado público hoje à tarde, devo
dizer que é uma reflexão científica, dirigida, aliás, por um académico reconhecido e como tal, como uma
reflexão científica, entendo que deve ser analisado. E, quando se trate de tomar opções políticas, essas
reflexões científicas devem ser sempre tidas em consideração.
Hoje, o quadro institucional em que se move a segurança interna mostra-se adequado, sendo certo que é
sempre possível introduzir melhorias.
Quanto aos meios de que é necessário dispor para concretizar as linhas de força desta Estratégia, devo
dizer que os meios são sempre escassos, por definição, e é sempre possível fazer melhor com os mesmos
meios. Mas eu diria que a questão que aqui está em causa é que, no plano interno, os meios de que se dispõe
nunca são suficientes e que a luta contra o terrorismo é uma luta a desenvolver em comum, é uma luta
partilhada.
Por isso, é a cooperação, não só ao nível europeu, mas internacional, em geral, que é muito importante e
que é preciso destacar, significando essa cooperação, naturalmente, a criação de sinergias, a obtenção de
poupanças e a criação de eficácia na utilização dos meios.
Em suma, o combate ao terrorismo não se faz unicamente a nível nacional, faz-se, sobretudo, no âmbito da
cooperação europeia internacional, promovendo, como aponta a Estratégia, a cooperação com entidades
europeias que, desde logo no âmbito da prevenção, desenvolvem um trabalho muitíssimo importante — posso
citar a Eurojust, a Europol, a Frontex, etc.
Quanto ao reforço da articulação entre os serviços de informação e as forças de segurança, gostava de
dizer à Sr.ª Deputada Cecília Honório, que, julgo, referiu o reforço da Unidade de Coordenação Antiterrorismo,
que não se trata, de modo nenhum, de conferir poderes de investigação a esta Unidade de Coordenação
Antiterrorismo. Por natureza, ela não é uma entidade de investigação; trata-se apenas de, com essas
alterações legislativas, introduzir um novo modo de funcionamento desta Unidade, que, aliás, vai ter uma
geometria variável, exatamente para permitir que, no seu modelo de funcionamento normal, digamos assim,
esteja perfeitamente assegurado que ela é o que sempre foi: uma unidade de coordenação e partilha de
informação. Portanto, desse ponto de vista, não há qualquer problema.
Em relação aos conceitos mais vagos que se podem utilizar nalguma lei, como na lei de estrangeiros, a
verdade é que já hoje os serviços de informação utilizam critérios objetivos para classificar as ameaças e,
portanto, para classificar também os perigos que se apresentam e foi considerado que essa metodologia não
põe em causa a avaliação que tem de se fazer do perigo.
Quanto à pergunta do Sr. Deputado António Filipe, julgo que a Sr.ª Ministra da Justiça poderá responder.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, passamos às perguntas à Sr.ª Ministra da Justiça, contando já com
a questão colocada pelo Sr. Deputado António Filipe.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Honório, do Bloco de Esquerda.