6 DE MARÇO DE 2015
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Aplausos do PS.
… um corte de 20% do número de efetivos ao serviço do Ministério da Educação — desde docentes,
pessoal técnico e pessoal auxiliar — que, obviamente, só pode servir o desígnio ideológico de desmontagem
da escola pública e que tem vindo a traduzir-se numa degradação clara, contínua, a que até hoje nunca
tínhamos assistido, com o aumento do número de alunos por turma, a degradação curricular, o estado
lastimável e inaceitável da educação especial, o fim da obrigatoriedade da oferta da escola a tempo inteiro,
menos bolseiros de investigação científica e a tentativa de fazer passar a ideia de que temos mais rigor,
apenas porque fazemos mais exames, em momentos em que até a própria OCDE entende não serem
recomendáveis e não trazerem vantagens aos alunos.
Aplausos do PS.
Mas, como digo, estas más ideias juntam-se sempre, também, a uma incapacidade de executar, como se
pôde ver este ano no caos absoluto da colocação de professores, no desprestígio da avaliação, que teve
lugar, das unidades de investigação científica, que descredibilizou completamente o setor científico e também,
mais recentemente, no atraso nos pagamentos no ensino artístico especializado, por incapacidade de
atempadamente providenciar junto do Tribunal de Contas os vistos necessários.
Mas, se continuarmos o nosso percurso e se olharmos para o setor da justiça, encontramos, precisamente,
o mesmo padrão: insistir em reformas que não fazem sentido, em reformas feitas ao arrepio das necessidades
da população, em reformas que não vão servir melhor as populações e não vão servir melhor o funcionamento
do aparelho judiciário. E depois juntamos-lhes — cá está —, às más ideias, a incapacidade de as executar e
paramos os tribunais durante vários meses, devido ao colapso do Citius, à incapacidade de pôr os serviços a
funcionar e de acompanhar as reformas com os meios necessários, mais uma vez provando que sem Estado,
sem investimento nos serviços públicos tudo se esboroa como um castelo de cartas.
Mas já se falou aqui hoje, também, de saúde, setor que é, efetivamente, a espinha dorsal do nosso modelo
social. De facto, apenas num mundo de fantasia podemos tentar fingir que não há uma sobrelotação nas
urgências, ou que não há uma degradação na qualidade dos materiais cirúrgicos, produzindo piores resultados
na prestação de cuidados de saúde. E não são só os utentes que assistem e veem com os olhos de quem
está nos corredores e nas filas de espera, são os próprios profissionais de saúde, porque recentemente
parece que não há uma semana neste País em que não haja uma demissão de uma equipa dirigente de
qualquer serviço de urgência ou de qualquer centro clínico, uma vez que todos reconhecem, no dia-a-dia, que
não têm condições.
Aplausos do PS.
Mas também no emprego se mantém a chaga. E invocar aqui que tivemos uma redução dos números,
pretendendo fingir que esta redução dos números não se deve ao facto de haver emigração, como não víamos
desde os anos 60, é incorrer novamente num erro, inicialmente arrancado pelo próprio Primeiro-Ministro e pelo
então Secretário de Estado da Juventude.
Mas esta semana, uma vez mais, a Sr.ª Ministra das Finanças junta-se ao coro e vem mais uma vez fingir
que a emigração é uma espécie de prolongamento do Erasmus e que deve ser encarada como um desafio.
Não é um desafio! É uma opção dramática para as famílias que têm de a tomar, é uma opção dramática para
quem tem de sair do País, e não pode ser encarada com a leviandade de um Governo que não tem respostas
para que os jovens se fixem e permaneçam no País que querem ajudar a construir.
Aplausos do PS.
E é isto, é esta realidade que permanece a degradar-se, que não pode permanecer sem resposta.
E é por isso que o Partido Socialista entende e é capaz de produzir alternativas e de sugerir propostas
diferentes. E aqui mesmo, nesta Câmara, apresentámos uma série delas, algumas das quais, infelizmente, já