13 DE MARÇO DE 2015
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Por isso, o Bloco de Esquerda dá o passo necessário, o passo de propor a esta Assembleia da República
que, de uma vez por todas, se leve por diante o regime de exclusividade das Deputadas e dos Deputados
como regime em vigor para todas e para todos, sem exceção. Não podemos ter mais exemplos de
administradores, de consultores, de gestores, ou de advogados que, de manhã, estão num qualquer escritório
a debater e a defender interesses privados e que, de tarde, estão na Assembleia da República sabe-se lá bem
a defender que interesses, …
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Mas o que é isso?!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — … sabe-se lá bem se a defender interesses privados, se a defender os
interesses daqueles que neles votaram e que deles esperavam alguma confiança.
Protestos do Deputado do PSD Hugo Lopes Soares.
Não pedimos nada mais, nada menos, do que o mesmo que é feito em França ou em Espanha: que os
Deputados estejam em regime de exclusividade! Repito: só pedimos o mesmo que é feito em Espanha e o
mesmo que é feito em França! Essa é a exigência da democracia!
Passo a ler aqui um texto de um cidadão bastante conhecido das bancadas da direita, Bagão Félix, que
sobre esta matéria diz o seguinte: «A exclusividade de um Deputado não deve ser uma opção, deve ser um
imperativo. Estamos na presença de um órgão de soberania que, direta e democraticamente, representa a
vontade popular. Os seus membros eleitos deverão, por isso, exprimir o carácter inequívoco do mandato e não
estarem condicionados, direta ou indiretamente, por interesses que podem colidir com o interesse geral e o
bem comum. Estamos perante um delicado assunto de Estado, para o qual não vale apenas remediar, antes
importa prevenir todo o tipo de conflitos de interesses, seja por ação, seja por omissão.» Ora, é isto que
estamos aqui a propor. Mas propomos que também seja alargada aos eleitos locais, em regime de
permanência e a tempo inteiro, esta obrigatoriedade. É exigência da democracia!
Não queremos qualquer suspeição ainda vigente e a exclusividade é garantida tolerância zero a esta
promiscuidade de interesses.
Aplausos do BE.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente Miranda Calha.
O Sr. Presidente: — Tem agora a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Jorge Machado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: A promiscuidade entre o poder político e
o poder económico está longe de ser um problema recente no nosso País e está à vista de todos os
portugueses que se está a agravar. Este facto justificou que, por diversas vezes, o PCP apresentasse
iniciativas legislativas para combater este problema que está a afetar a democracia portuguesa.
As propostas que o PCP apresentou visavam dificultar a usurpação, por parte do poder económico, do
papel que cabe ao poder político e dificultar as relações menos transparentes.
Se é verdade que os problemas da promiscuidade entre o poder económico e o poder político que existem
na Assembleia da República, mas também nos altos cargos do Estado, não podem ser eliminados com uma
simples alteração à lei, também não deixa de ser verdade que é urgente alterar a lei para eliminar relações
óbvias de promiscuidade que hoje existem.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Contudo, PSD, CDS e PS têm assumido uma posição de boicote e têm
votado, sucessivamente, contra as soluções que o PCP apresentou.
Sr. Presidente, Srs. Deputados, os novos desenvolvimentos, como os casos dos submarinos, do BPN e do
BES, mais que justificar, reforçam a necessidade de uma alteração à lei.