13 DE MARÇO DE 2015
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Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Refiro-me diretamente aos advogados que, se as Sr.as
e os Srs. Deputados não sabem, têm deveres para
com a comunidade antes dos deveres políticos, têm obrigação de não interferirem ou de não exercerem
influência sobre as decisões políticas estatutárias. Portanto, antes de chegarem à Assembleia, têm esses
deveres primários para com a comunidade.
Não queiram os senhores, à custa da seriedade dos outros que aqui estão presentes — e muitos aqui
estão! —, tirar vantagens políticas para credibilizarem uma ordem política que merece ser credibilizada, sim,
com um combate às formas, que não produzem de modo sério e leal, mas não à custa dos profissionais
liberais, designadamente dos advogados.
Expliquem-nos, Srs. Deputados, como é que alguém em prática individual, no exercício da sua profissão
liberal — e reporto-me aos advogados —, estando cá quatro anos, consegue sobreviver mantendo o escritório
e perdendo a clientela.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — E no Governo?
O Sr. João Lobo (PSD): — Expliquem os senhores que crime é este para que queiram erradicar os
profissionais deste órgão legislativo.
É admissível isto, Srs. Deputados? É eticamente aceitável o que os senhores pretendem? Não é isto que
os senhores pretendem, certamente!
Como o Bloco de Esquerda não considerou que é vedado aos senhores membros das autarquias locais o
exercício de atividades de comércio ou indústria no âmbito da respetiva autarquia.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Isto não é um discurso do PS? É uma posição nova do PSD?
O Sr. João Lobo (PSD): — Não posso aceitar que aqueles que, voluntariamente, abnegadamente,
entregam o melhor de si à comunidade estejam proibidos de exercer um direito fundamental, que é o direito à
liberdade económica.
Isto é inaceitável, como é inaceitável, Srs. Deputados, que o Bloco de Esquerda nos diga a nós, que
estamos aqui, que a política e a democracia não podem ser reféns dos conflitos de interesses de Deputados e
Deputadas que dedicam parte do seu dia a interesses privados e a outra metade a fazer legislação para
contentar esses mesmos interesses.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — O senhor está em permanência?
O Sr. João Lobo (PSD): — Srs. Deputados, se é verdade isto, digam!
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Denunciem, levantem o dedo!
O Sr. João Lobo (PSD): — Digam quem é!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Porque não o dizem! E digam-mo a mim!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — E dizemos!
O Sr. João Lobo (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, o projeto que tem por objetivo tornar
obrigatório o regime de exclusividade de Deputados não pode merecer o apoio da bancada do PSD porquanto,
e em síntese brevíssima, parte de axiomas indemonstrados, desinseridos da práxis que atinge a dignitas
daqueles que entregam o melhor de si à República e à democracia.