11 DE ABRIL DE 2015
15
Igualmente no plano interno, a estabilidade do sistema financeiro, a credibilidade das instituições
financeiras e o papel da banca no apoio ao relançamento da economia são questões nucleares da agência
nacional, prioritários no debate parlamentar e no debate nacional.
Na generalidade dos países da União Europeia a designação do governador do banco central envolve uma
concertação alargada, a intervenção do chefe do Estado e, em muitos casos, do Parlamento. Num significativo
número de países, a designação do governador do banco central é feita pelo Parlamento.
Face a esta centralidade do sistema financeiro e à relevância do adequado funcionamento dos
mecanismos de supervisão e de regulação, entende o PS, com sentido de Estado, visando reforçar a
independência e a credibilidade do Banco de Portugal, que a designação do Governador deveria exigir uma
corresponsabilização do Governo, da Assembleia da República e também do Presidente da República.
Aplausos do PS.
A invocação de intermitentes dúvidas constitucionais, contraditórias com posições anteriores desses
partidos, ou dúvidas de oportunidade que iludem a questão central, não afastam o PS de, em tempo útil,
propor uma solução que responsabiliza a Assembleia da República no processo de designação do Governador
do Banco de Portugal, prevendo a realização de uma audição parlamentar e a emissão de parecer pela
Comissão de Finanças. Fazemo-lo com sentido de responsabilidade, por dever institucional e no tempo
adequado.
Sabemos todos quando termina o mandato do atual Governo, tal como sabemos todos quando cessa
mandato do atual Governador do Banco de Portugal. A nossa proposta não reflete qualquer juízo pessoal e
afasta-se de qualquer juízo partidário de curto prazo.
Preocupa-nos o reforço institucional do processo de nomeação do Governador do Banco de Portugal, a
desgovernamentalização do processo de nomeação e a contribuição para que a independência e a
credibilidade do Banco Central sejam reforçadas. Julgamos que esta é, ainda, a oportunidade para enriquecer
o Banco de Portugal com os méritos resultantes de uma participação equilibrada de género na sua
administração, que é também um sinal de uma sociedade mais igualitária que deve igualmente chegar ao
sistema financeiro.
Aplausos do PS.
O PS demonstra, com esta proposta, estar preocupado com soluções que envolvam todos os órgãos de
soberania e contribuam para que a confiança nas instituições, no Banco de Portugal, neste caso, contribua
para que seja dada prioridade ao crescimento, ao investimento e à criação de emprego, sendo o sistema
financeiro uma parte decisiva da solução e nunca mais, também, grande parte do problema.
Esperemos que todas as bancadas estejam disponíveis para corresponder a este desafio e reforçar a
legitimidade do Banco de Portugal com a voz que só a Assembleia da Republica pode dar neste apoio a um
funcionamento de um sistema financeiro ao serviço de Portugal e dos portugueses.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Duarte Pacheco, do PSD.
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Esta iniciativa mostra bem como
o Partido Socialista trata os assuntos do Estado e como muda de opinião quando se está a tratar de lugares
no Estado.
Recordemos o histórico: em 21 de fevereiro de 2000, o Eng.º Guterres era Primeiro-Ministro e o Ministro
das Finanças era Pina Moura. Quem é que nomeiam para Governador do Banco de Portugal? O ex-líder do
PS, Vítor Constâncio. A legislação está correta.
Em 11 de maio de 2006, o Primeiro-Ministro era o Eng.º Sócrates, o Ministro das Finanças era Teixeira dos
Santos. Quem é que nomeiam para Governador do Banco de Portugal? O ex-líder do Partido Socialista, Vítor
Constâncio. As regras estão corretas.