I SÉRIE — NÚMERO 82
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estaremos em condições de, não há dúvidas, ficar abaixo do défice excessivo. Tenho a certeza de que isso
acontecerá.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Mas também não vejo quais são as más notícias que o Sr. Deputado vê. Repare bem: mesmo as projeções
que a Comissão Europeia faz para 2016, num cenário de políticas invariantes, portanto, não tendo em conta
aquelas que o Governo já se comprometeu a fazer e que constam do Programa de Estabilidade, na medida
em que estas previsões arrancaram, na sua conceção, antes de esse Programa ser apresentado… Para que
todos nos percebam, o que é que isto significa? Significa que a Comissão Europeia está a partir do princípio
de que em 2016 todas as medidas restritivas serão removidas e nenhuma outra vai ser adotada — este é o
pressuposto da Comissão Europeia para 2016 —, mas nós sabemos que não vai ser assim e sabemos qual é
a perspetiva que o Governo já apresentou para esse período.
Ora, atendendo a este pressuposto, julgo que os números apresentados pela Comissão Europeia estão até
razoavelmente próximos daqueles que o Governo apresentou, não num cenário de políticas invariantes, mas
com medidas com que avançou para 2016 e 2017.
Portanto, Sr. Deputado Ferro Rodrigues, permita-me tirar a conclusão oposta: os dados da Comissão
Europeia e os dados do Banco de Portugal mostram que o País está a recuperar, que o País está a criar
emprego, que o País mantém, e manterá, um excedente sobre o exterior, que as nossas exportações têm
mantido uma performance importante para a nossa recuperação e que o consumo que está a reforçar-se não
está assente em dívida, mas que vem a par daquilo que é a recuperação do investimento. Onde é que o Sr.
Deputado vê más notícias nisto? Eu confesso que não consigo entender.
Mas, Sr. Deputado, deixe-me dizer que, se há responsabilidade que este Governo tem, essa, sim, vou
dizer-lhe, é a de termos conseguido, contra todas as espectativas e, seguramente, a do seu partido, fechar o
Programa de Assistência Económica e Financeira, tirar o País da situação de estar submetido a um resgate
externo,…
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
… e, ao contrário do que o Sr. Deputado diz, ter o País não em perda de confiança, mas com confiança
crescente, o que se vê, de resto, pelos dados do próprio Instituto Nacional de Estatística. A confiança dos
consumidores tem vindo a crescer e a esperança retornou ao País. O que estamos a discutir é saber se vamos
crescer a um ritmo mais intenso ou menos intenso.
O Sr. João Galamba (PS): — Não cresceu, caiu!
O Sr. Primeiro-Ministro: — O Partido Socialista não está interessado em fazer essa discussão, mas, Sr.
Deputado, eu farei todas as discussões com o Sr. Dr. António Costa. Não tenha nenhum problema em relação
a isso. Há de haver campanha eleitoral em Portugal e não tenha dúvida de que confrontaremos bem todas as
nossas opiniões.
Até lá, Sr. Deputado, até a campanha chegar, o Parlamento fará o seu trabalho e eu farei o meu como
chefe do Governo. Não vou, por isso, abordar matérias de natureza partidária, porque não estou aqui como um
chefe partidário.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Muito bem!
Protestos do PS.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas, Sr. Deputado Ferro Rodrigues, como chefe do Governo, tenho muito
orgulho em que possamos apresentar aos portugueses um caminho de recuperação e não o caminho da
espiral recessiva e da insustentabilidade da dívida, que levou o Sr. Deputado a subscrever um documento que
reclamava que nós reestruturássemos a dívida em Portugal para viver melhor. Isso não!