14 DE MAIO DE 2015
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Senão, pergunto-lhe: metade da dívida da TAP advém de quê? Dos trabalhadores, da operação da TAP ou
de escolhas de gestão que, por exemplo, na empresa de manutenção que foi adquirida no Brasil, tem um
buraco de 500 milhões de euros?! Qual é a realidade de facto? É que falarmos de 30 milhões de euros de
prejuízo desta greve e escondermos os 500 milhões de euros de uma escolha de gestão, tomada por decisão
política e sem qualquer cariz técnico, é tentar desviar as atenções desta última situação e utilizar a greve como
argumento para a visão ideológica que o Governo quer ter sobre a TAP.
A privatização da TAP, que é a vontade deste Governo, serve apenas e só para colocar a TAP a voar
baixinho, não tendo como objetivo nenhuma defesa de interesse estratégico do País e deitando por terra
aquela que é a qualidade quer dos profissionais, quer das rotas e horários que a TAP tem para apresentar ao
País e ao mundo.
Por isso, destruir aquilo que é de todos nós é, de facto, a agenda do Governo. E é assim na TAP, tentando
agora atirar as culpas para os pilotos e para uma greve que já dissemos não acompanhar na sua motivação,
mas que não aceitamos que seja utilizada para esta vertente ideológica e propagandística do Governo, de
impor a privatização e a sua agenda à custa da realidade. E a realidade é que a vontade de privatização já é
antiga, já vem de Governos desde Cavaco Silva e sempre com a mesma narrativa, sempre dizendo que a TAP
era insustentável,…
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Concluo, Sr.ª Presidente.
… sempre dizendo que a TAP não tinha futuro. Mas a TAP foi vencendo cada Governo e cada vontade de
privatização e vai também vencer este Governo e a sua agenda.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, trouxe aqui, à nossa
discussão, um exemplo incontornável que releva para a situação financeira e os problemas da TAP, que é o
buraco — eu diria a cratera — em que a TAP foi enfiada com o negócio da manutenção no Brasil. E os
trabalhadores não foram os culpados, não, senhor, os trabalhadores alertaram oportunamente para o
problema que estava a ser criado com aquele negócio em que a TAP foi colocada. Mas este Governo foi
avisado! No início do mandato, este Governo foi avisado sobre a situação que estava criada e deixou os
problemas agravarem-se, para tentar criar a inevitabilidade da privatização e do desmantelamento da
companhia. Criar problemas para forçar inevitabilidades! O Governo foi avisado e é cúmplice e é responsável
pela situação em que a TAP se encontra!
Nós dizemos, com muita clareza, que há medidas que têm de ser tomadas para defender a TAP como
companhia aérea de bandeira, como companhia que seja de todos nós e que seja defendida, modernizada e
projetada para um futuro melhor. Disso mesmo iremos tratar no debate em Plenário, agendado para o dia 22,
do nosso projeto de resolução que aponta medidas concretas para desenvolver e defender a companhia.
Quanto à reestruturação, mal designada dessa forma, com que tentam apontar e ameaçar os trabalhadores
e a população, com o desmanchar aos bocados de uma companhia aérea como a TAP, aquilo que é preciso
dizer é que essa reestruturação, hoje, de acordo com as informações oficiais disponíveis, não está em cima da
mesa. E é preciso que haja clareza no debate, relativamente às afirmações dos políticos, dos governantes
deste País, sobre essa ameaça que tentam fazer aos trabalhadores. É que aquilo que temos pela frente é uma
pseudo-reestruturação que está a ser exigida pelos privados, para que seja o Governo a fazer aquilo que os
privados não querem, porque querem encontrar uma TAP com uma força de trabalho com os seus direitos
atacados, os salários reduzidos e as condições de trabalho ainda mais degradadas. Não é por aí que este
País terá solução e caminho, não é por aí que a TAP será desenvolvida e muito menos defendida e, neste
contexto, teremos, seguramente, muito que lutar e trabalhar…
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.