I SÉRIE — NÚMERO 85
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A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Mas qual ilegal?!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Assim se vê a quem é que interessava a instabilidade que agora se viveu,
assim se vê a quem é que interessava a situação com que os passageiros foram confrontados, ao serem
encaminhados para as portas de embarque para voos que não estavam marcados.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Não venham falar de greves e de impactos para o País, quando toda a gente
percebe imediatamente que, num quadro de cancelamento da privatização da TAP, não estávamos
confrontados com a situação atual.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Está enganado!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Por outro lado, em relação aos problemas operacionais, aos voos cancelados
e ao prejuízo para a companhia, quero desafiar os Srs. Deputados a irem rever aquele que foi o registo das
reuniões com o Sr. Presidente da TAP, quando avaliámos aqui, nesta Casa, o autêntico caos que se verificou
na companhia, com a situação de falta de pessoal, de falta de pilotos, de aviões que não funcionavam, de
voos cancelados, de pessoas que chegavam aos aeroportos no verão e eram confrontadas com o
cancelamento dos voos. Quais eram as greves nessa altura?! O que aconteceu foi que o Governo levou seis
meses a autorizar a contratação de pessoal, de tripulantes e pessoal para a manutenção.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Bem lembrado!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — É o Governo, mais uma vez, ano após ano, que continua a ser o principal fator
de desestabilização e instabilidade da companhia.
Falam de reestruturação como se fosse uma faca apontada aos trabalhadores, mas é preciso lembrar aqui
que reestruturação mesmo aconteceu na TAP na década de 90, preparada pelo Governo PSD/Cavaco Silva e
concretizada pelo Governo PS/Guterres. Nessa altura, o que tivemos foi a contratação coletiva suspensa,
congelada, o regime sucedâneo, os cortes nos salários, os trabalhadores confrontados com um ataque brutal
aos seus direitos. Para quê? Para a privatização!
Hoje, como em 1995, estamos na iminência de cancelar este processo e este pode ser o fator que salvará
a TAP, porque, tal como, na altura, a companhia aérea de bandeira, que era a Sabena, foi vendida à Swissair
e deixou de existir, se a TAP tivesse sido vendida à Swissair já não existia.
Portanto, se a TAP, hoje, vir a privatização cancelada, estamos, sim, a cumprir uma medida patriótica e de
esquerda, Sr. Deputado Hélder Amaral.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para formular perguntas, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Bruno Dias, saúdo-o pela sua
intervenção e começo por pegar naquele que é o tema quente das respostas que já teve de dar às perguntas
da maioria, porque é exatamente aquilo que lhes toca no centro da sua vontade, que é a privatização da TAP.
É, no mínimo, curioso que este Governo tente atirar para cima de uma greve a responsabilidade pela
situação financeira da TAP. É, no mínimo, curioso! É deitar água para uma situação que percebemos que, na
prática, serve apenas e só para fazer nascer um nevoeiro que tenha como resultado esconder das pessoas o
essencial.