I SÉRIE — NÚMERO 85
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dos Deputados, deverá ser preenchida por Maria de Lurdes Monteiro Ribeiro a partir de 12 de maio de 2015,
inclusive.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, está em apreciação o parecer.
Pausa.
Não havendo pedidos de palavra, vamos votá-lo.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Sr.ª Deputada Maria de Lurdes Monteiro Ribeiro, dou-lhe as boas-vindas e pode, desde já, tomar assento
no Plenário.
Sendo assim, Srs. Deputados, vamos entrar na ordem do dia constando do primeiro ponto declarações
políticas.
A ordem das inscrições é a seguinte: PCP, Bloco de Esquerda, PSD, PS e CDS-PP.
Srs. Deputados, há muito ruído na Sala, peço-vos que tomem os vossos lugares para que o primeiro orador
possa proferir a declaração política.
Pausa.
Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. BrunoDias (PCP): — Sr.a Presidente, Sr.
as e Srs. Deputados: O pacote de negócios que o Governo
está a lançar na fase terminal do seu mandato chegou agora aos processos de privatização da EMEF
(Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário, S.A) e da CP Carga. Com os respetivos diplomas
publicados há dias, essa operação representa uma nova e mais gravosa etapa do processo de liquidação do
sector ferroviário nacional.
A Constituição aponta como tarefas fundamentais no plano económico para a «Coexistência do sector
público, do sector privado e do sector cooperativo e social de propriedade dos meios de produção» e para a
«Propriedade pública dos recursos naturais e de meios de produção, de acordo com o interesse coletivo».
Mais uma vez, se confirma que o Governo se encontra envolvido num processo de destruição efetiva do sector
público.
O Governo refere estes processos nos decretos-leis como uma «reprivatização». Ora, estas empresas
foram criadas em 1993 (a EMEF) e em 2008 (a CP Carga), funcionando sempre como empresas públicas.
Temos, assim, o Governo a afirmar que vai «voltar a privatizar» o que nunca foi privado, evidenciando um
discurso e uma prática que não resistem ao confronto com a realidade.
A privatização destas empresas contribuiria ainda mais para a pulverização do sistema ferroviário,
processo gerador de crescentes custos para o Estado e de importantes perdas na segurança e fiabilidade da
operação.
A privatização da EMEF — que tem vindo a ser preparada com os fabricantes de material circulante —
colocaria o País ainda mais dependente dessas multinacionais, quando aquilo que se impõe é uma rutura com
o caminho de declínio nacional e a afirmação de outro caminho que aposte na produção nacional.
É nesse quadro que a manutenção, reparação e produção de material circulante é uma atividade
estratégica para o País. Para mais quando a ferrovia tende a assumir uma importância crescente nos sistemas
de transporte de passageiros e mercadorias e quando o País está confrontado com a necessidade de
investimentos no médio prazo de largas centenas de milhões de euros no seu material circulante e
equipamento.
A privatização colocaria a CP Carga ao serviço da produção de lucros de um qualquer grupo económico,
para o qual seria indiferente os verdadeiros ganhos que a empresa tem trazido ao País e deixaria o País sem
um instrumento estratégico — o transporte ferroviário de mercadorias — condenado a pagar rendas aos
grupos económicos que dominassem o sector.