I SÉRIE — NÚMERO 89
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matéria, como foi nas restantes áreas da saúde, e não é preciso ir contra a Lei de Bases. Podemos respeitar a
lei que protege os dados pessoais. E, portanto, o Partido Socialista tem algumas alterações a propor, mas, no
geral, concorda com esta medida.
Mas, ao enaltecer esta medida, como fez agora o Sr. Secretário de Estado, quase em final de Legislatura, o
Governo denuncia bem os erros de gestão em que incorreu ao longo destes anos.
Por que é que não tomaram esta medida mais cedo? Mais do que um registo que é necessário fazer,
importa mudar toda a política de saúde quer na gestão administrativa, quer na gestão estratégica, quer
também na gestão de recursos humanos.
É obrigação de um Governo que defende a saúde envolver os profissionais, não pactuar com situações de
exaustão e de tratamento menos digno de profissionais e de utentes.
A falta de profissionais de saúde é um problema que já existe há tempo a mais. Vimos as ruturas nos
serviços de urgências, a escassez de camas, os excessos no tempo de espera e a gritante falta de médicos de
família. Em Vila Real, para dar um exemplo, do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, saíram
recentemente 12 clínicos, 8 anestesistas, 2 urologistas, 1 cirurgião e 1 dermatologista. As salas de operações
ficaram paradas, as cirurgias foram adiadas, as listas de espera aumentaram.
O Governo aprovou recentemente incentivos para a mobilidade dos profissionais para o interior e para as
zonas carenciadas. Quais são os resultados dessas medidas? Que balanço já se pode fazer?
É necessário estratégia. É necessário recursos humanos em todo o setor e em todo o País. É necessário
aumentar a motivação, incentivar a mobilidade com políticas de desenvolvimento profissional. É necessário
mais e melhor cooperação entre os profissionais de saúde no que toca à repartição de competências e de
responsabilidades. É necessário mais planeamento e é necessário prestar contas de toda esta política errática
de saúde. É necessário, urgentemente, mudar a política de saúde.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Teresa Caeiro.
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde,
Sr.ª Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade, Srs. Deputados: Gostaria de começar
por dizer que o CDS apoia muito vivamente esta iniciativa do Governo, que vem, aliás, como já foi aqui dito,
cumprir uma norma constante da Lei de Bases da Saúde, que prevê, precisamente, a organização, por parte
do Ministério da tutela, e o registo nacional dos profissionais de saúde.
E por que é que este inventário nacional, centralizado na ACSS, é tão importante?
Desde logo, também como foi referido pelo Sr. Secretário de Estado, por uma questão de garantia da
proteção da qualidade e da segurança dos cuidados de saúde prestados aos cidadãos. A identificação dos
profissionais que podem intervir neste bem tão essencial para todos os seres humanos vem permitir um maior
e mais efetivo controlo das habilitações para exercerem a respetiva atividade.
Estamos a falar dos profissionais que têm as atividades regulamentadas na Portaria n.º 34/2014, de 12 de
fevereiro, mas também dos profissionais das terapêuticas não convencionais, e agora também os
podologistas, que prestem cuidados no setor público, no setor privado e no setor social.
Pretende-se, portanto, assegurar a qualidade e escrutínio para toda a população que recorra a cuidados de
saúde, independentemente do setor.
Em segundo lugar, este inventário é imprescindível, porque só tendo uma perspetiva global dos
profissionais é que será possível ter uma visão estratégica e fazer opções racionais para o SNS e para todo o
nosso sistema de saúde.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Nunca será demais reforçar a importância de um planeamento
informado e nunca será demais reforçar os custos, para os cidadãos e para o Estado, resultantes da falta de
planeamento estratégico e atempado.