I SÉRIE — NÚMERO 90
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A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: O discurso e a estratégia que a maioria
aqui apresentou foi um ato de cobardia política, e não só de cobardia política mas também de desistência. E
digo por que é cobardia. É cobardia porque faz valer a sua posição através do medo, ou seja, diz que, se não
acontecer a privatização, a TAP vai ao charco. É o medo de não haver dinheiro, mas há dinheiro para borlas
fiscais ao Novo Banco. É cobardia porque faz as greves dos trabalhadores que querem defender a TAP de
bode expiatório. Toda a vossa posição é defendida com cobardia,…
Protestos do PSD.
… cobardia de quem já não tem argumentos para defender aquilo que quer e de quem não quer, de facto,
admitir aquilo que quer fazer, que é entregar a TAP a interesses privados.
Mas não é só cobardia porque joga com o medo das pessoas, não é só cobardia porque quer pôr os
cidadãos contra os trabalhadores que querem defender a sua empresa e porque culpa as greves de todos os
males deste mundo, é também desistência, porque desistiram do País, desistiram da manutenção dos centros
estratégicos do País, desistiram da soberania, desistiram do futuro de Portugal e só veem à frente o negócio
privado. E isto, Srs. Deputados, é lamentável.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Queira concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — É lamentável que a posição que aqui assumiram não tivesse sido a de
um debate racional sobre as vossas opções estratégicas para o País, sobre a razão por que defendem a TAP
privada, e tenham vindo aqui com argumentos cobardes para justificar uma posição que é injustificável e que é
de desistência do País.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Tem a palavra o Sr. Deputado Hélder Amaral, que não dispõe de
muito tempo, pelo que lhe solicito que faça o melhor uso do mesmo.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr. Presidente, não preciso de muito tempo pois quero apenas
confirmar a política de rigor, palavras repetidas, incessantemente, pelo Dr. António Costa, para lembrar ao
Partido Socialista que, em 15 de novembro de 2007, o Secretário de Estado do Tesouro Costa Pina, o mesmo
que diz que não foi ouvido no negócio da VEM, no Brasil — mas isto é outra matéria —,…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Ah!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — … dizia o seguinte: «O Governo vai privatizar nos próximos dois anos
as empresas que estavam no Programa de Privatizações para o biénio de 2006 e 2007 que ainda não
avançaram, ou seja, a TAP, a Inapa, a ANA — Aeroportos de Portugal».
Sr. Deputado, é verdade que abriu a caça ao voto e, quando começa a caça ao voto, há logo duas baixas
da parte do Partido Socialista: a coerência e a responsabilidade.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Tem, agora, a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Já estávamos à espera, mas sempre
lamentamos, que os Srs. Deputados da maioria, e não só, tenham sido incapazes de dizer uma palavra sobre
as propostas concretas que o PCP apresentou para a TAP, como soluções para a defesa da companhia.
Os senhores fizeram de conta que não há alternativas para além da privatização e foi por isso que tiveram
medo de discutir as questões concretas que o PCP apresentou num projeto novo, repito, num projeto novo,
Srs. Deputados, que, naturalmente, os senhores não leram, não quiseram saber ou fizeram por esquecer