23 DE MAIO DE 2015
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Permitam-me, por isso, terminar com uma citação de Fernando Pessoa: «Há um tempo em que é preciso
abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos
levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para
sempre, à margem de nós mesmos».
É disso que se trata, de coragem para decidir e para governar, de coragem para continuar a elevar bem
alto as cores da nossa Nação e assim defender o interesse do nosso País.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Tem a palavra o Sr. Deputado Hélder Amaral, para uma intervenção.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Queria começar por
cumprimentar os peticionários e, depois, esclarecer que, embora possa parecer, não é a primeira vez que
estamos a discutir este tema.
Devo lembrar que, quer por parte dos defensores de uma política patriótica e de esquerda, o Partido
Comunista Português, quer por parte da esquerda mais radical e mais fashion, já foram apresentados, pelo
Partido Comunista Português e pelo Partido Ecologista «Os Verdes», cinco projetos de resolução iguaizinhos
sobre esta matéria,…
O Sr. Bruno Dias (PCP): — É mentira! É falso!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — … pelo Bloco de Esquerda, três, e pelo PS, três.
E não pensem que não há consequências nestas matérias. Claro que há consequências. E essas
consequências trouxeram 1100 pré-avisos de greve no setor dos transportes, 200 dias de greve integral e 700
dias de greve parcial.
Isto significa que, enquanto a esquerda fashion e a esquerda mais radical vão parando o País, há um outro
País que trabalha. Ainda ontem, tivemos a oportunidade de, nesta mesma Casa, ouvir a Confederação do
Turismo Português pedir urgência e seriedade na resolução do problema da TAP. E o Partido Socialista esteve
presente — mas já lá irei ao Partido Socialista.
Portanto, há um País que trabalha. E isso reflete-se no turismo, que voltou a crescer a dois dígitos no
primeiro trimestre de 2015, com 7,2 milhões de turistas, um crescimento de 11% e 15% de proveitos. Este é o
País que trabalha e que nos pede urgência e celeridade na resolução do problema da TAP.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Quanto ao Partido Socialista, confesso que vou tentar ser o mais
simpático que conseguir.
O Partido Socialista sempre quis privatizar a TAP. Nunca teve foi competência para fazer uma privatização
da TAP.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
E até posso lembrar a resposta do Governo do Partido Socialista ao, então, Deputado Heitor de Sousa — o
tal que dizia que «com TGV e bolos se enganam os tolos», mas que, depois, votou a favor do TGV —, que foi
a seguinte: «A recapitalização do Grupo TAP é uma necessidade urgente e sem ela a empresa encontra-se
numa situação fragilizada» (isto, em 19 de julho de 2010).
Mas podíamos dizer: bom, mas o Partido Socialista quer ir à Europa pedir dinheiro. E o que é que diz o
Partido Socialista? Diz que, tendo em conta a situação do País e as imposições legais do direito europeu, não
há outra solução no contexto europeu a não ser fazer uma privatização da companhia.
Afinal de contas, em que é que ficamos, Srs. Deputados? Em que é que ficamos?!
Aplausos do CDS-PP e do PSD.