23 DE MAIO DE 2015
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Que propostas são estas, Srs. Deputados? Que propostas são estas que temos em cima da mesa? Que
pessoas são estas? O que querem? Vêm de onde? Que interesse têm estas pessoas no desenvolvimento da
economia portuguesa? Que garantias nos dão de que daqui a 20 anos a TAP ainda é uma empresa essencial
para o desenvolvimento da economia portuguesa? Nenhuma! Não nos dão garantias nenhumas, assim como
os acionistas da PT não nos deram garantias nenhumas quando, em nome do seu lucro e da sua
rentabilidade, venderam a PT, a descapitalizaram e acabaram por mudar a sua sede para outro país,
independentemente das promessas sobre a garantia de o centro estratégico ficar em Portugal.
Esta é a experiência que temos sobre as privatizações. E não só as privatizações não têm sentido, como
não dão qualquer garantia. As propostas que temos em cima da mesa nem nos garantem que a capitalização
de que a TAP precisa vai ser efetuada. Os valores que circulam não nos dão minimamente essa garantia.
O Governo ainda não conseguiu justificar a sua pressa e não consegue disfarçar a leviandade com que se
desfaz de mais uma empresa essencial para a economia e para a sociedade portuguesas. A única certeza que
temos neste processo, daquilo que conhecemos, Sr.as
e Srs. Deputados, é que vamos ver mais um centro
estratégico, a última empresa estratégica deste País em mãos públicas, a voar para mãos estrangeiras.
Srs. Deputados, isto é um assalto ao País, isto tem um nome: «privataria». O que se passa neste País é
«privataria». É um assalto ao País, aos seus centros estratégicos, às empresas essenciais para o
desenvolvimento do País, sem nenhuma razão. E queremos, por isso, cumprimentar todos os trabalhadores,
movimentos e sindicatos que se têm unido contra esta «privataria» e dizer-lhes que, juntos, certamente
conseguiremos combatê-la e impedi-la.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Tem a palavra o Sr. Deputado Rui Paulo Figueiredo, para uma
intervenção.
O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Para o Partido Socialista, é
necessário parar a privatização da TAP.
Vozes do CDS-PP: — Ah!
O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — E a melhor maneira de o fazer é mudar de Governo. É mudar de
Governo porque este Governo está obcecado em tudo privatizar e tudo concessionar.
Aplausos do PS.
Queremos saudar os peticionários. A defesa de uma TAP alinhada com os interesses estratégicos do
Estado português é algo que acompanhamos, porque é defender o interesse público.
O Vice-Primeiro-Ministro Paulo Portas afirmou, na semana passada, que a TAP não devia ser motivo de
divisão. Pena é que, à semelhança de muitas outras matérias, o Primeiro-Ministro não ligue nenhuma ao que
diz o Vice-Primeiro-Ministro, porque se ligasse teria tido em atenção a disponibilidade do Partido Socialista
para o diálogo, teria tido em atenção as propostas que já apresentámos e continuamos a apresentar, e as
propostas apresentadas por outros partidos.
Mas o Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho revela uma enorme arrogância. É arrogante porque recusou
o diálogo. É arrogante porque considera que só as suas soluções são boas. É arrogante porque considera
mesmo que só as suas soluções são possíveis. É arrogante porque é obcecado com as privatizações, com os
negócios particulares, com processos pouco transparentes. É arrogante porque recusa o acesso da oposição
a documentação relevante, achando-se acima do escrutínio democrático.
Tudo isso é muito negativo, mas mais negativa é esta enorme pressa em privatizar, saltando fases,
atropelando prazos, lançando o caos no setor. Por isso, estaremos muito atentos ao desenrolar deste
processo.
Recordamos que, por exemplo, no processo da ANA, entre a escolha de um vencedor e a conclusão do
processo decorreram nove meses. Nove meses, Srs. Deputados!