I SÉRIE — NÚMERO 90
26
Veremos no que dá esta enorme pressa do Governo e o atropelo que estão a fazer a todas as fases e a
todos os prazos.
Deixo uma última nota: para o Partido Socialista, o interesse público exige a paragem deste processo. Para
o PS, o interesse público exige uma TAP em que o Estado não perca a maioria do capital social da empresa.
Esperamos que não se consolidem na esfera jurídica efeitos irreversíveis mas, em todo o caso, um governo
liderado por António Costa tudo fará para manter na posse do Estado a maioria do capital social da TAP.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Tem agora a palavra o Sr. Deputado Luís Vales, para uma
intervenção.
O Sr. Luís Vales (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Permitam-me que comece por dirigir
uma palavra aos promotores das petições que hoje aqui discutimos.
Os Deputados da maioria avaliaram com o máximo interesse os argumentos invocados e estamos de
acordo quanto à importância estratégica da TAP na nossa economia, na defesa da nossa língua e do nosso
património histórico, mas discordamos quando ao que sucederá no futuro, caso a situação não se altere.
A situação económica e financeira da TAP exige que se proceda com urgência à sua recapitalização, na
certeza de que não poderá ser o Estado português a fazê-lo na qualidade de acionista. Esta restrição tem sido
constantemente explicada pelo Sr. Primeiro-Ministro e parece-nos que, nesta fase, já todos temos plena
consciência do que significaria para a TAP enveredar pelo caminho da restruturação.
Sim, é preciso falar a verdade aos portugueses. Sim, é preciso dizer quais são as opções para decidir. É
isto que os portuguese esperam desta maioria: que saiba estar à altura das suas responsabilidades e tome as
medidas necessárias para defender o interesse da companhia.
Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, a realidade é esta: a TAP precisa de mais capital e de renovar a sua
frota. Não, não se trata de vender a TAP a qualquer preço. Não, não se trata de um processo feito contra os
trabalhadores. Mas foi isto que o sindicado dos pilotos não percebeu, chegando mesmo a fazer a seguinte
afirmação no decorrer da recente greve: conseguimos infligir um dano de 30 milhões de euros na TAP.
No entanto, tenho a certeza de que os restantes sindicatos do pessoal não se reveem nesta afirmação,
uma vez que lutam, no seu dia-a-dia, pela continuidade dos seus postos de trabalho e pelo futuro da sua
empresa.
Hoje, os portugueses sabem que a solução do Governo é defender os interesses da TAP, mas também
hoje os portugueses sabem o que quer o Partido Socialista: uma solução impossível que passaria pelo
aumento de capital da TAP em dispersão em bolsa. Quer isto dizer que os portugueses sabem hoje mais ou
menos o que o Partido Socialista quer para a TAP, mas não sabem se amanhã irá continuar a querer as
mesmas coisas. Isto porque o PS vai mudando de opinião à medida dos ciclos eleitorais.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Luís Vales (PSD): — Sejamos claros: é ou não verdade que a decisão da privatização da TAP foi
tomada num Conselho de Ministros onde António Costa participou como membro do Governo?
Aplausos do PSD.
Sim, o Partido Socialista já quis a privatização da TAP e agora já não quer essa privatização. O que mudou
então? A resposta é previsível: mudou o ciclo eleitoral.
O Partido Socialista está hoje mais preocupado em agradar a tudo e a todos, porque está a pensar nos
votos. Como? Adiando, fugindo das suas responsabilidades, decidindo mal, fingindo nada decidir.
Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, os portugueses sabem bem, nós sabemos bem, qual foi o preço
dessa irresponsabilidade, porque fomos nós, famílias e empresas, que, durante estes quatro anos, fizemos
enormes sacrifícios para pagar a herança deixada pelo Partido Socialista e pela sua irresponsabilidade
governativa.