I SÉRIE — NÚMERO 90
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Srs. Deputados, chegámos ao fim das votações regimentais, pelo que vamos retomar a nossa ordem de
trabalhos, com o debate conjunto dos projetos de resolução n.os
1478/XII (4.ª) — Pela promoção da autonomia
pessoal/vida independente das pessoas com deficiência (BE) e 1471/XII (4.ª) — Cria um programa piloto para
um regime de «Apoio à Vida Independente» para pessoas com deficiência agravada (PCP).
Srs. Deputados, a Mesa regista a inscrição dos Srs. Deputados Helena Pinto, do Bloco de Esquerda, David
Costa, do PCP, Raúl de Almeida, do CDS-PP, e Idália Serrão, do PS.
Para apresentar o projeto de resolução n.º 1478/XII (4.ª), tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Pinto.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, Sr.as
Deputadas: Quando Portugal, em 2009,
ratificou a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência assumiu um compromisso que vai muito
além de um ato formal — um compromisso que garanta a igualdade de direitos das pessoas com deficiências.
E, para que isso aconteça, impõe-se políticas públicas que respondam às necessidades específicas dessas
mesmas pessoas.
O projeto de resolução que o Bloco de Esquerda hoje apresenta trata de uma questão fundamental: as
políticas públicas devem promover a autonomia pessoal e a vida independente das pessoas com deficiência.
Este deve ser o princípio e o fundamento das políticas públicas. Este é, aliás, o garante da igualdade de
direitos. Só assim cumpriremos a convenção que ratificámos, onde está bem expresso, e cito: «o direito de
decisão pessoal na definição e condução da sua vida».
As pessoas com deficiência não têm autonomia para concretizar um conjunto de tarefas indispensáveis ao
seu dia a dia, mas têm a capacidade e o direito de escolher quem querem para as ajudar a ultrapassar essas
mesmas dificuldades.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — A vida independente é o novo paradigma que deixa para trás o modelo
assistencialista que privilegia, na esmagadora maioria das situações, a institucionalização. Se atendermos ao
valor da comparticipação do Estado em caso de institucionalização, que é de 951,53 €, e ao valor do subsídio
por assistência por terceira pessoa, que é de 88,37 €, Srs. Deputados, acho que fica claro para todos nós que
se privilegia a institucionalização.
Sabemos que os problemas são muitos. Não podemos, hoje, abordar todos: as ajudas técnicas
insuficientes e muito demoradas; o valor da pensão social por invalidez; as dificuldades no ensino; a falta de
condições para jovens com deficiência nos vários graus de ensino; o acesso limitado à língua gestual; o não
cumprimento de quotas no acesso ao emprego, incluindo o emprego público; as altas taxas de desemprego;
as barreiras arquitetónicas; e muito, muito mais.
Mas hoje, Sr.as
e Srs. Deputados, propomos que nos concentremos em dar um primeiro passo, mas um
passo importante, recomendando ao Governo que integre os princípios da autonomia pessoal, vida
independente, nas políticas públicas, contemplando o direito ao pagamento direto para escolha e contratação
da assistência necessária à satisfação das suas necessidades, assim como a implementação de projetos-
piloto que tenham como objetivo o aumento da autonomia e da qualidade de vida, envolvendo as associações
e movimentos que representam as pessoas com deficiência e que tantos contributos têm dado.
A nossa vida nas nossas mãos é o seu lema. Nem mais, nem menos: A nossa vida nas nossas mãos.
Aplausos do BE.
Entretanto, reassumiu a presidência o Vice-Presidente Miranda Calha.
O Sr. Presidente: — Para apresentar o projeto de resolução n.º 1471/XII (4.ª), tem a palavra o Sr.
Deputado David Costa.
O Sr. David Costa (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: O PCP apresenta hoje uma proposta que
visa a criação de um programa-piloto de apoio à vida independente para pessoas com deficiência agravada.