I SÉRIE — NÚMERO 92
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O Sr. Pedro Roque (PSD): — Ex.ma
Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: O
Bloco de Esquerda interpela hoje, na Assembleia da República, o Governo sobre precaridade laboral.
Independentemente das razões substantivas que levam, legitimamente, este partido a escolher a
precariedade laboral, não podem, obviamente, o tema e o timing da escolha deixar de ser objeto de uma
análise de caráter político.
O primeiro aspeto é algo comezinho. Aparentemente, o Bloco não quer deixar aos comunistas a primazia
neste tema.
Vozes do BE: — Eh!…
O Sr. Pedro Roque (PSD): — Não deixa de ser curioso que o PCP apresentou, há dois dias, os objetivos e
eixos essenciais do seu programa eleitoral, onde a matéria laboral e a precariedade assumem um papel de
relevo. É que há um eleitorado comum a disputar entre estas duas forças políticas numa luta sem quartel,
embora publicamente inconfessável.
Protestos do Deputado do PCP João Oliveira.
O segundo aspeto é mais abrangente. Não deixa de ser curioso o facto de um partido como o Bloco de
Esquerda trazer aqui este tema, sabendo-se que existe uma estreitíssima relação entre a credibilidade política,
financeira, económica dos países e a atração de investimento, a criação de emprego, em quantidade e
qualidade. Esta curiosidade radica no facto de o Bloco pertencer à mesma família política do Syriza, partido
que governa a Grécia.
Todos nos recordamos, com imensa saudade, das coloridas bandeiras do «nosso Bloco» -- e permitam-me
esta familiaridade --, agitadas na vitoriosa noite de 25 de janeiro na Praça Sintagma, em Atenas, já para não
falar também da retórica entusiasmada de altos dirigentes do Partido Socialista perante os «amanhãs que
cantavam» na península helénica.
O que uns e outros, certamente, não esperavam é que se prefigurava uma hecatombe social no horizonte.
As notícias que, numa base diária, nos chegam da Grécia não são nada consentâneas com a criação de
emprego e muito menos de emprego estável.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Pedro Roque (PSD): — O Bloco de Esquerda, na sua versão helénica e à frente da governação
daquele país, não só complicou uma situação já difícil, não acertando o passo com o conjunto dos países da
zona euro, como é responsável por um penoso retrocesso social. Segundo um estudo da Confederação Grega
das Câmaras de Comércio e Indústria, conhecido há uns dias, naquele país, em média, por cada dia que
passa 59 empresas encerram e são eliminados 613 empregos.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Uma desgraça!
O Sr. Pedro Roque (PSD): — Perante uma comparação entre a presente situação portuguesa e a
helénica, ficamos, desde já, conversados acerca da moralidade do Bloco em nos trazer este tema aqui, hoje.
Ex.ma
Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Sem embargo, o PSD reconhece
que Portugal tem problemas de precariedade laboral. Simplesmente, numa abordagem realista, Governo e
maioria trabalham diariamente para mitigar e alterar essa situação. E essa representa toda a diferença do
mundo.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Exatamente!
O Sr. Pedro Roque (PSD): — Portugal não é uma ilha nem do ponto de vista geográfico, nem do ponto de
vista económico e social. O problema da precariedade laboral é, infelizmente, mundial, como muito bem o